Dois indígenas foram assassinados a tiros na noite desta terça-feira (17), na BR-101, em trecho da cidade de Itabela, no extremo sul da Bahia. De acordo com informações da Polícia Civil, as vítimas foram identificadas como Nawir Brito de Jesus, 17 anos, e Samuel Cristiano do Amor Divino, de 25.
Ainda segundo a polícia, a dupla foi atingida pelos tiros, por volta das 17h, no km 787, quando se deslocava do Povoado de Montinho para uma das fazendas ocupadas por um grupo indígena no processo de retomada feito pelos povos Pataxós da região extremo sul. Desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 1° de janeiro, o grupo já ocupou cerca de três fazendas da região.
Testemunhas informaram que os disparos foram feitos por homens em uma motocicleta e as vítimas foram atingidas nas costas. O caso é investigado pela Delegacia Territorial (DT) de Itabela. A Polícia Civil informou que mais detalhes sobre o crime não podem ser divulgados no momento, para não interferir na investigação.
Após o assassinato, os indígenas fizeram uma manifestação na BR-101, que ficou interditada por cerca de três horas, entre 19h e 22h.
CASAS METRALHADAS
“Várias casas foram ‘metralhadas’, inclusive a sede da fazenda”, disse um cacique, na condição de anonimato para o portal Bahia Notícias.
A área foi retomada por mais de 13 mil indígenas há um ano, com o processo das demarcações de terras.
Segundo o cacique, a comunidade precisa conviver com ataques a tiros de fazendeiros diariamente.
“Semanas atrás, alguns indígenas que estavam em uma área retomada sofreram um ataque. Pessoas que estavam numa Hilux atiraram contra alguns indígenas, mas ninguém se feriu. Na semana, atiraram contra outros indígenas, mas eles correram para o mato e se salvaram. Nós só estamos lutando por nossa terra. Não estamos matando ninguém para isso acontecer”, declarou outra liderança indígena.
Depois do protesto, o Movimento Indígena da Bahia e a Federação Indígena das Nações Pataxós e Tupinambás do Extremo Sul da Bahia (FINPAT) fizeram pedidos de reforço de segurança aos povos da região, que estão em conflitos com fazendeiros, aos ministérios da Justiça e dos Povos Indígenas, além da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
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