Após os crimes cometido contra 207 trabalhadores, resgatados de trabalho análogo à escravidão e violência na Serra Gaúcha, as vinícolas da região emitiram uma nota em que, confusamente e de maneira inexplicável, justificam a situação devido ao “sistema assistencialista” do país, como o Bolsa Família e outros benefícios sociais, e à “falta de mão de obra”.
A nota, assinada pelo Centro da Indústria e Comércio de Bento Gonçalves (CIC-BG), foi divulgada após operação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que resgatou os trabalhadores na colheita da uva feita por uma empresa que fornecia mão de obra para as vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi, Salton e produtores rurais da região.
Para os empresários, “situações como esta, infelizmente, estão também relacionadas a um problema que há muito tempo vem sendo enfatizado e trabalhado pelo CIC-BG e Poder Público local: a falta de mão de obra e a necessidade de investir em projetos e iniciativas que permitam minimizar este grande problema”. Ou seja, para as empresas, a exploração e a tortura contra os trabalhadores só ocorrem porque ninguém aceita o trabalho, certamente muito digno, que as empresas têm a oferecer na colheita.
“Há uma larga parcela da população com plenas condições produtivas e que, mesmo assim, encontra-se inativa, sobrevivendo através de um sistema assistencialista que nada tem de salutar para a sociedade”, diz ainda a nota.
Conforme o flagrante e os depoimentos coletados, os trabalhadores eram forçados a trabalhar 15 horas por dia sem pausa, se alimentando de comidas estragadas pelas quais contraiam dívidas sem fim, e, se reclamassem, eram punidos com choques elétricos e spray de pimenta.
Para o gerente regional do MTE em Caxias do Sul, Vanius Corte, de fato, a prática não é comum na região, mas enfatiza que “quem contrata a mão de obra precisa saber em que condições essas pessoas trabalham”.
Também nesta terça-feira (28), o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, declarou que convocou “uma reunião com secretários para tratar de novas ações em relação a este crime absurdo e lamentável”. “Determinei às nossas equipes de governo que prestem a assistência necessária aos trabalhadores encontrados em situação análoga à escravidão na Serra Gaúcha. Vamos dar suporte a essas pessoas e apoiar a investigação das responsabilidades por esse episódio”, afirmou.
o descaramento e desumanidade dos empresários das vinicolas aurora, salton e garibaldi(rs) não tem limites. deveriam ser investigados, ter o sigilo bancário e telefonico quebrados e indiciados, pois não se justifica tamanha violencia em pleno século 21.