Declaração se dá no mesmo dia em que o BC se reúne para discutir a taxa Selic. “Eu vou continuar batendo para que a gente possa reduzir a taxa de juros, para que a economia possa ter investimento”, disse o presidente
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta terça-feira (21), em entrevista ao site “Brasil 247”, que vai continuar pressionando o Banco Central pela redução da taxa Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, que hoje é de 13,75% ao ano. “Eu vou continuar batendo, eu vou continuar tentando brigar para que a gente possa reduzir a taxa de juros, para que a economia possa ter investimento”, disse.
“Uma coisa que eu acho absurda é a taxa de juros estar a 13,75%, num momento em que a gente tem o juro mais alto do mundo, num momento em que não existe uma crise de demanda, não existe excesso de demanda”, acrescentou Lula. A declaração foi dada no mesmo dia em que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inicia a discussão sobre a taxa Selic. A decisão está prevista para quarta-feira (22).
Lula voltou a criticar autonomia do Banco Central e insistiu na necessidade da retomada dos investimentos. “A gente só vai poder mudar o [presidente do] Banco Central daqui dois anos, porque ele tem autonomia. Eu, sinceramente, nunca me importei com a autonomia do Banco Central. Eu nunca achei que era importante. Eu não sei porque as pessoas acham que é importante autonomia.”
“Eu sinceramente acho que o presidente do Banco Central não tem compromisso com a lei que foi aprovada de autonomia do Banco Central. A lei diz que é preciso cuidar da responsabilidade da política monetária, mas é preciso cuidar da inflação também, é preciso cuidar do crescimento do emprego, coisa que ele não se importa”, continuou o presidente.
Lula também comentou sobre a taxa de juros para crédito consignado a aposentados. Na semana passada, o Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS) reduziu a taxa máxima, de 2,14% para 1,7%. “Uma coisa que poderia ser 100% boa, favorável criou clima de insatisfação nos bancos. A tese é boa. Vamos tentar ver como se faz para que os juros baixem de verdade”, disse Lula.
Sobre a politica fiscal, Lula disse que a nova regra será divulgada após viagem à China. A proposta foi entregue pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na semana passada. Lula afirmou que é contra a pressa. “Por que eu decidi [não validar a proposta]? Porque é preciso discutir um pouco mais. A gente não tem que ter a pressa que algumas pessoas do setor financeiro querem. Eu vou fazer o marco fiscal, eu quero mostrar ao mundo que tenho responsabilidade”, disse.