“Como você mantém a mesma dosagem amarga do remédio quando a inflação já caiu na metade? Hoje, o juro do Brasil é o maior do mundo. Nada se explica, não tem razão econômica, a não ser outra motivação, que eu não sei qual é”, diz o ministro-chefe da Casa Civil
O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que a decisão do Banco Central de manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano na reunião do Comitê de Politica Monetária (Copom) na quarta-feira (22) é de uma “insensibilidade” com o povo brasileiro.
“Essa insensibilidade do Banco Central só aumenta o desemprego e aumenta o sofrimento do povo brasileiro. Não dá para compreender essa decisão do Banco Central”, criticou o ministro Rui Costa. “Quando cair a taxa de juros fica mais fácil para o povo consumir, fica mais fácil para o empresário poder investir na agricultura, no comércio, na indústria”, afirmou.
Costa ressaltou que não era só o governo que esperava e defendia uma redução na Selic, mas também “o que povo brasileiro espera” e questionou os motivos do presidente do BC, Campos Neto, de manter o maior juro real do mundo.
Costa questionou os motivos de manter uma taxa adotada inicialmente em tempos de inflação no patamar de 10%. Os últimos dados da inflação fecharam em 5,6% no acumulado de 12 meses. “Como você mantém a mesma dosagem amarga do remédio quando a inflação já caiu na metade? Hoje, o juro do Brasil é o maior do mundo. Nada se explica, não tem razão econômica, a não ser outra motivação, que eu não sei qual é”.
A taxa é mantida neste patamar desde agosto do ano passado.
O ministro da Casa Civil também levantou novos questionamentos sobre a autonomia do Banco Central. Para Costa, a questão deve ser debatida por deputados federais e senadores.
“Acho que o Congresso Nacional, que é a casa do povo brasileiro, precisa discutir isso seriamente. Um Banco Central independente não pode ser independente do povo e aliado dos que cobram os juros nas alturas. Acho que o Congresso precisa refletir. É insustentável essa teimosia e esse desserviço que o presidente do Banco Central está fazendo com o povo brasileiro”.