Na última quinta-feira (30), a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, afirmou na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que as universidades terão papel fundamental na política de ciência e tecnologia e de inovação do país.
A ministra garantiu que o ministério está pronto para fomentar a pesquisa. “O certo é que a ciência voltou ao Brasil, e estamos agora aptos a fomentar a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico”, afirmou.
Na visita em Campinas, Luciana Santos participou da posse do professor João Renato Bennini Jr, novo superintendente do Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti (Caism), substituindo o professor Luís Otávio Zanatta Sarian. Depois, a ministra visitou o Hub Viva Bem, laboratório de inteligência artificial implantado no Instituto de Computação (IC) com financiamento da empresa Samsung.
A ministra conheceu o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), responsável pela operação do Sirius, a maior e mais complexa infraestrutura científica já construída no país, sendo uma das mais avançadas fontes de luz síncrotron do mundo.
Luciana contou estar trabalhando na implementação de projetos estruturantes que, segundo ela, são estratégicos para modernizar a infraestrutura de pesquisa no Brasil. Entre esses projetos, está o fortalecimento de um complexo industrial no entorno da assistência à saúde.
“Acreditamos que o Brasil reúne as condições para se tornar um hub internacional para a produção de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFA) para reduzirmos o grau de dependência que o Brasil e o mundo todo têm hoje da China e da Índia”, disse Luciana.
“Temos condições de produzir IFA, já produzimos e devemos voltar a produzir. Essa será uma das tarefas contemporâneas do nosso ministério”, afirmou. “E, nesse sentido, é fundamental a parceria com as universidades, que hoje são responsáveis por 90% da produção científica no país”, continuou.
Para a ministra, a estrutura do ministério já permite uma interação com a academia. Segundo ela, o Fundo Nacional de Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia lança editais para as linhas estratégicas do ministério, entre elas, os projetos ligados à nanotecnologia, biotecnologia, transição energética, mudança climática e ao complexo industrial de saúde. “Todas essas são áreas que estão no escopo de prioridade do nosso Ministério para que o Fundo Nacional financie”, afirma.
“Outro mecanismo (de interação com a academia) é pela Lei da Informática, como é o caso desse hub aqui da Unicamp, o Viva Bem, e, às vezes, até mesmo recursos discricionários com questões pontuais, como parques tecnológicos. Portanto, há um mosaico grande de possibilidades”, afirmou.
“Em cada investimento que realizamos em pesquisa e desenvolvimento, ampliamos o acesso da população aos benefícios da ciência e tecnologia; melhoramos a qualidade de vida dos brasileiros, transformamos conhecimento em riqueza e promovemos o crescimento do país, criando oportunidade de emprego e renda”, concluiu a ministra.
PARCERIA COM UNIVERSIDADES
O reitor da Unicamp, professor Antônio José de Almeida Meirelles, disse ter ficado entusiasmado com a disponibilidade da ministra em ampliar as interações com as universidades.
“Quando ouvimos de autoridades do governo federal, ou do governo estadual, a disponibilidade de a assistência à saúde gerar um complexo de industrialização, sinto uma enorme alegria de ver que podemos ter um futuro diferente”, disse o reitor.
“Quando descobrimos que não tem IFA, que não se fabrica vacinas ou respiradores, isso é resultado de uma política que precisa ser revertida. E, hoje, temos a oportunidade de fazer isso”, continuou Meirelles.
“O Brasil foi o país que mais cresceu no mundo entre a Segunda Guerra e os anos 1970, mas cresceu sem incluir. Hoje, temos a possibilidade de fazer uma política de crescimento, mas de outra forma. E não há nada mais inclusivo que o atendimento público de saúde, viabilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, concluiu.
SIRIUS
Instalado no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), o Sirius chama atenção pelo tamanho e grandiosidade. Com 68 mil metros quadrados, só é comparável a outros dois laboratórios, localizados na Suécia e na França.
“A tecnologia desenvolvida no CNPEM é muito abrangente. Passa pela agricultura, alimentação, saúde, mudanças climáticas, energia, fármacos. Os desafios nacionais são enormes, e a infraestrutura é singular. É um patrimônio do povo brasileiro e da inteligência brasileira. E vamos garantir que esse patrimônio continue fazendo o seu papel, que é alavancar o desenvolvimento nacional”, avaliou a ministra.
No primeiro semestre de 2023, foram lançadas as chamadas abertas para o desenvolvimento de pesquisas nas linhas de luz do Sirius que estão em operação. Outras quatro podem ser inauguradas ainda neste ano.
“O Sirius é como um gigantesco microscópio que consegue enxergar na escala dos átomos e das moléculas. Para esse grande microscópio funcionar, existe um acelerador de elétrons, que é o gerador da luz síncronton, que é raio-x, ultravioleta e infravermelho”, explicou o diretor-presidente do CNPEM, Antônio José Roque. “Os pesquisadores inserem nesse microscópio qualquer material, como uma rocha do pré-sal, uma proteína ou uma célula, para analisar as suas propriedades e responder que impactos essas propriedades podem ter nas áreas de saúde, energia, semicondutores”, completou o professor.
Além do Sirius, a ministra conheceu quatros laboratórios em operação no CNPEM e destacou a importância dos investimentos em ciência e tecnologia. Segundo ela, a recomposição integral dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) vai permitir novos aportes de recursos na infraestrutura de pesquisa em funcionamento no CNPEM.
“A recomposição do Fundo Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico é fruto da decisão do presidente Lula de colocar a ciência no primeiro plano”, ressaltou a ministra.