Numa linha do tempo, entre 2011 e 2023, já houve 11 ataques. Só entre 2022 e 2023, que apenas começou, já foram 5. Nos 4 anos de governo Bolsonaro esses atos hediondos recrudesceram
Por meio de decreto publicado no DOU (Diário Oficial da União), da última quarta-feira (5), o governo criou o GTI (Grupo de Trabalho Interministerial) para estudar meios de enfrentar a violência nas escolas.
Trata-se do Decreto 11.469, de 5 de abril de 2023, que “Institui Grupo de Trabalho Interministerial para propor políticas de prevenção e enfrentamento da violência nas escolas”.
Este problema é complexo e vai muito além da simples repressão ou punição pelos atos de violência. Portanto, é preciso mais que punir. É preciso, para combater com eficácia, entender porque essas práticas tem se alastrado ao longo dos últimos anos.
O caso da chacina de Blumenau (SC), em que jovem motoboy invadiu creche e assassinou 4 crianças, com machadinha, e feriu gravemente outras 5, apenas acendeu o alerta que é preciso entender o que está acontecendo.
ENTENDA O DECRETO DO GOVERNO
Art. 2º Ao Grupo de Trabalho Interministerial compete:
I – realizar estudos sobre o contexto e as estratégias de prevenção e enfrentamento da violência nas escolas; e
II – propor políticas públicas para a prevenção e o enfrentamento da violência nas escolas.
Art. 3º O Grupo de Trabalho Interministerial é composto por representantes dos seguintes órgãos:
I – Ministério da Educação, que o coordenará;
II – Ministério da Justiça e Segurança Pública;
III – Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania;
IV – Ministério das Comunicações;
V – Ministério da Saúde;
VI – Ministério da Cultura;
VII – Ministério do Esporte; e
VIII – Secretaria Nacional de Juventude da Secretaria-Geral da Presidência da República.
RELEMBRE OUTROS FATOS SEMELHANTES
O atentado à creche em Blumenau, no Vale do Itajaí, Santa Catarina, foi mais um episódio trágico. Este não foi caso isolado de ataques às instituições de ensino brasileiras. Relembre os casos de Janaúba, Caraí e Contagem, municípios de Minas Gerais.
Há ainda os trágicos episódios de Realengo (RJ), Goiânia (GO), Suzano (SP), Saudades (SC), Barreiras (BA), Aracruz (ES) e São Paulo (SP).
Numa linha do tempo, entre 2011 e 2023, já houve 11 ataques às escolas. Só entre 2022 e 2023, que apenas começou, já foram 5 ataques.
JANAÚBA
Na esfera estadual, o primeiro caso que foi emblemático e teve grande repercussão ocorreu em Janaúba, no norte de Minas. Em outubro de 2017, vigia de creche municipal da cidade ateou fogo em várias pessoas que estavam na instituição. À época, 5 vítimas morreram e outras 20 ficaram feridas, sendo 9 em estado grave. Damião Soares dos Santos, de 50 anos, foi o autor do crime e incendiou o próprio corpo após cometer o crime. Ele morreu no hospital.
CARAÍ
Dois anos depois, em novembro de 2019, em Caraí, cidade a 391 km de Janaúba, estudante de 17 anos invadiu a escola que estudava e atirou contra alunos. 2 adolescentes de 15 e 16 anos ficaram feridos e foram encaminhados ao hospital municipal de Padre Paraíso, município vizinho. Segundo o diretor da escola, havia cerca de 300 alunos no local.
CONTAGEM
Em novembro de 2022, escola de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, foi invadida e vandalizada. Janelas, portas e outros objetos foram danificados e também foram feitas pichações de símbolos nazistas nas paredes da instituição de ensino.
“MASSACRE DE REALENGO”
Um dos casos de maior repercussão na imprensa nacional foi o que ficou conhecido como “Massacre de Realengo”. Em abril de 2011, Wellington Menezes de Oliveira, ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, entrou na instituição com 2 revólveres e se identificou como palestrante. Dentro do colégio, ele atirou à queima-roupa e matou 12 adolescentes com idades entre 13 e 15 anos.
GOIÂNIA
Seis anos depois, em outubro de 2017, estudante de apenas 14 anos entrou no Colégio Goyases, escola particular de ensino infantil e fundamental de Goiânia. No fim da manhã, ele tirou da mochila pistola .40 e atirou dentro da instituição de ensino. No local, 2 pessoas foram mortas e outras 4 ficaram feridas.
SUZANO
Em março de 2019, 2 ex-alunos da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, no interior de São Paulo, fizeram atentado com armas de fogo dentro da instituição de ensino. Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25, mataram 5 alunos, 2 funcionárias e o proprietário de locadora de veículos. Ao verem os militares, os 2 teriam se matado.
SAUDADES
Dois anos depois, em maio de 2021, jovem de 18 anos invadiu escola municipal de educação infantil em Saudades, no Oeste de Santa Catarina. Com golpes de facão, o suspeito matou 3 crianças e 1 professora. Outra funcionária da instituição de ensino foi socorrida em estado grave e 1 quarta criança também foi ferida.
BARREIRAS
Pouco mais de 1 ano depois, em setembro de 2022, na cidade de Barreiras, no Oeste da Bahia, a Escola Municipal Euclides Sant’Anna foi invadida por jovem que portava arma de fogo, facão e machadinha. Dentro da instituição de educação, ele matou jovem cadeirante, de 20 anos.
ARACRUZ
Mais recentemente, em novembro de 2022, adolescente de 16 anos invadiu e atacou 2 escolas em Aracruz, no Espírito Santo. Para se deslocar entre as escolas, ele teria utilizado o carro do pai. Nos ataques, matou 4 pessoas, entre elas 1 pesquisadora da UFMG que trabalhava em uma das instituições invadidas.
SÃO PAULO
Por fim, dia 27 de março, uma segunda-feira, adolescente realizou ataque na Escola Estadual Thomazia Montoro, na zona oeste da cidade de São Paulo. Na ocasião, o suspeito, que é aluno do 8º ano, esfaqueou 3 professores e 2 alunos. A professora de ciências, Elizabeth Tenreiro, de 71 anos, morreu.
M. V.