
Neste sábado (28), em Moscou, dezenas de milhares de pessoas se reuniram na Avenida Sakharov para repudiar o projeto do premiê Medvedev que já tramita no Parlamento (Duma) e que pretende aumentar a idade da aposentadoria de 55 para 63 anos para as mulheres e de 60 para 65 anos para os homens. Os protestos se espalharam de Moscou a São Petersburgo e alcançaram outras 100 cidades em toda a Rússia.
As manifestações foram convocadas pelo Partido Comunista da Federação Russa (PCFR), liderado pelo seu presidente, Gennady Zyuganov; pela Frente de Esquerda encabeçada por Serguey Udaltsov, pelo Komsomol, que aglutina a juventude comunista; por sindicatos e organizações sociais. Uma petição na internet contra o ataque às aposentadorias já obteve 2,9 milhões de assinaturas.
Durante a marcha realizada até o local do ato, em Moscou, as pessoas gritavam palavras de ordem como “Tirem as mãos de nossa aposentadoria!”, “Não confiamos no governo!”, “Façamos um Referendo!” e portavam cartazes dizendo “Sem genocídio previdenciário!” , “Queremos pensões melhores, não cortadas!”, “Vergonha da reforma de Pensões de Putin-Medvedev!”
“Quero chamar vossa atenção para o fato de que em 36 regiões da Rússia os homens não vivem até os 65 anos de idade. E na Sibéria, no Extremo Oriente, nas regiões russas do norte, a idade média é de 61 a 62 anos. Isso significa que todos receberão sua aposentadoria no túmulo. E em vez de adotar uma lei de acordo com a qual tanto os filhos quanto a esposa poderiam obter o dinheiro que é deduzido do Fundo de Pensão, eles cometem um abuso quando dizem que isso será usado pelas autoridades e comerciantes privados”, declarou Zyuganov, o líder do PC.
Mesmo se considerando que a expectativa média de vida dos homens em toda a Rússia está em torno de 66 anos, muitos não poderão desfrutar da aposentadoria. “Chegarão à idade da aposentadoria no ataúde”, resumiu Zyuganov durante a manifestação de Moscou.
MARCHA SOCIAL E GREVE
Serguey Udaltsov, em nome da Frente de Esquerda, conclamou pela realização em setembro, antes da revisão final da lei do aumento da idade de aposentadoria na Duma, uma Marcha Social com a participação milhões de trabalhadores, de todos os que se opõem “a esta diabólica reforma”. O coordenador da Frente de Esquerda se dirigiu aos sindicatos que representam de verdade o povo trabalhador com a proposta de iniciar os preparativos para uma greve preventiva em setembro, paralelamente à Marcha, com a exigência de não aumentar a idade de aposentadoria. Também propôs que, nas eleições regionais em 9 de setembro seja realizado um referendo popular sobre a questão e para que todos os opositores da reforma antissocial votem contra o partido Rússia Unida que apoia a reforma.