Nesta terça-feira (27), os trabalhadores e trabalhadoras do Sistema Petrobrás de todo o país protestaram contra a venda da Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor), no Ceará. Os petroleiros cearenses entraram em greve por tempo indeterminado a partir das 7 horas e prometem manter a greve até que a privatização seja paralisada.
Atos em solidariedade e apoio aos cearenses foram realizados nos estados do Amazonas (Reman), Pernambuco e Piauí (Refinaria Abreu e Lima e Terminal de Suape), Bahia (Taquipe), Minas Gerais (Regap), Caxias do Sul (Reduc), Norte Fluminense (Heliporto do Farol), Mauá, em São Paulo, Paraná e Santa Catarina (Six e Repar), Rio Grande do Sul (Refap) e Espírito Santo (UTGC).
“A Lubnor é responsável por entregar às distribuidoras locais óleo diesel, gasolina, querosene de aviação e GLP provenientes de outras refinarias, terminais, transportados até Fortaleza por navios, em operações de cabotagem ou, eventualmente, importação. A venda da Lubnor pode acarretar desabastecimento desses navios, impactando negativamente exportações e importações”, alerta o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.
Durante as mobilizações, a categoria denunciou o arbitrário processo de privatização da Lubnor, aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), afirmando que a venda da refinaria faz parte do desmonte da Petrobrás, intensificado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2019, quando a gestão da empresa assumiu o compromisso de se desfazer da metade da capacidade de refino e privatizou oito das treze refinarias.
“Se concretizada, essa venda lesiva para o povo brasileiro e o povo nordestino, representará a continuação do projeto político e econômico derrotado nas urnas nas eleições do ano passado. Mais uma vez, estamos frente a um caso de nítida transferência de patrimônio estatal para um grupo privado”, disse a FUP em nota.
O presidente do Sindipetro-CE/PI, Fernandes Neto, chama a atenção também para os riscos de criação de um monopólio privado na região, além do impacto negativo, econômico e social que o estado do Ceará amargará com a privatização. “Uma empresa privada não tem o compromisso com o abastecimento do mercado interno. Se for mais lucrativo, eles podem preferir exportar. A Petrobrás tem como prioridade o abastecimento do mercado interno”, explicou.
A Lubnor possui mais de 500 trabalhadores e é responsável por cerca de 10% da produção de asfalto no país, além de produzir lubrificantes naftênicos, matéria produto para isolante térmico para transformadores de alta voltagem, amortecedores para veículos e equipamentos pneumáticos. A refinaria também é responsável por abastecer todos os estados do Nordeste, além de fornecer derivados para os estados do Amazonas, Amapá, Pará e Tocantins.