Jogadoras da Seleção Espanhola de Futebol esperam respostas contundentes dos poderes públicos para que não fiquem impunes ações como essas, diz comunicado
A seleção feminina da Espanha, campeã do mundo, anunciou que não disputará nenhum jogo até que Luis Rubiales seja substituído na presidência da Federação Espanhola de Futebol. O comunicado foi realizado nesta sexta-feira (25), algumas horas depois de Rubiales anunciar que não renunciaria ao cargo e fazer uma série de queixas contra o “falso feminismo” das atletas e ao “assassinato social” que diz sofrer.
A paralisação é uma resposta ao episódio de assédio que ocorreu na entrega da taça, no final da Copa do Mundo Feminina de Futebol, em que Rubiales segurou a cabeça da jogadora Jenni Hermoso e lhe deu um beijo na boca.
A atleta disse, em declaração publicada pelo Sindicato dos Jogadores Futpro, que o gesto não foi consensual. Além das críticas ao comportamento e do boicote liderado pelas jogadoras, o chefe da federação também está sendo investigado pela Fifa.
“Quero esclarecer que, tal como visto nas imagens, em nenhum momento consenti o beijo que ele me deu. Não tolero que coloquem em dúvida minha palavra, muito menos que se inventem palavras que eu não disse”, declarou a jogadora no comunicado.
O comunicado, que afirma que as jogadoras da seleção espanhola não entrarão em campo enquanto Rubiales permanecer no cargo, foi assinado pelas 23 campeãs do mundo e outras dezenas de jogadoras de futebol.
O comunicado foi assinado por 53 jogadoras: Jennifer Hermoso, Alèxia Putellas, Misa Rodríguez, Irene Paredes, Ona Batlle, Mariona Caldentey, Teresa Abelleira, María Pérez, Cata Coll, Aitana Bonmati, Laia Codina, Claudia Zornoza, Oihane Hernández, Rocío Gálvez, Irene Guerrero, Alba Redondo, Athenea del Castillo, Eva Navarro, Enith Salón, Ivana Andrés, Patricia Guijarro, Lola Gallardo, Nerea Eizagirre, Ainhoa Moraza, Maria León “Mapi”, Sandra Paños, Claudia Pina, Amaiur Sarriegi, Leila Ouahabi, Laia Aleixandri, Lucia García, Andrea Pereira, Vero Boquete, Ainhoa Tirapu, Sandra Vilanova, Ana Romero “Willy”, Silvia Meseguer, Nagore Calderón, Carmen Arce “Kubalita”, Priscila Borja, Natalia Pablos, Susana Guerrero, Larraitz Lucas, Isabel Benito, Amanda Sampedro, Isabel Fuentes, Elisabet Sánchez, Mari Paz Azagra, Vanesa Gimbert, Virginia Torrecilla, Leire Landa, Elisabet Ibarra, e Marta Torrejón.
Veja o comunicado na íntegra em português:
A raiz dos acontecimentos ocorridos nesta manhã e dada a perplexidade do discurso proferido pelo presidente da Real Federação Espanhola de Futebol, Sr. Luis Manuel Rubiales Béjar, as jogadoras da seleção principal, recentes campeãs mundiais, em apoio a Jennifer Hermoso, querem manifestar sua firme e contundente condenação às condutas que atentaram contra a dignidade das mulheres.
Face às manifestações realizadas pelo presidente da Real Federação Espanhola de Futebol, Jennifer Hermoso quer desmentir rotundamente que tenha consentido o beijo que D. Luis Manuel Rubiales Béjar lhe deu na final da Copa do Mundo. “Quero esclarecer que, tal como visto nas imagens, em nenhum momento consenti o beijo que ele me deu. Não tolero que se coloque em dúvida minha palavra, muito menos que se inventem palavras que não disse”.
Do nosso sindicato, queremos enfatizar que nenhuma mulher deve ver a necessidade de contestar as imagens contundentes que todos viram e, claro, não deveria se ver envolvida em atitudes não consensuais.
As jogadoras da Seleção Espanhola de Futebol, atuais campeãs mundiais, esperam respostas contundentes dos poderes públicos para que não fiquem impunes ações como essas.
Queremos terminar este comunicado pedindo verdadeiras mudanças estruturais, que ajudem a Seleção Nacional a seguir crescendo, para transferir esse grande sucesso para gerações posteriores. Enche-nos de tristeza que um episódio tão inaceitável consiga manchar o maior sucesso esportivo do futebol feminino espanhol.
Depois de tudo o que aconteceu durante a cerimônia de entrega das medalhas da Copa do Mundo Feminina, queremos manifestar que todas as jogadoras que assinam esta carta não voltarão a uma convocação para a Seleção se continuarem os atuais dirigentes.