
Os trabalhadores da Petrobrás e Eletrobrás realizaram atos em defesa das estatais, dos serviços públicos e da melhoria das condições de trabalho nessas empresas por todo o país, nesta terça-feira (03). Os atos aconteceram no dia em que a Petrobrás completa 70 anos de sua fundação, em 1953, por Getúlio Vargas.
A mobilização contou com a presença além de petroleiros e eletricitários, das centrais sindicais e movimentos sociais representantes dos bancários, metroviários, professores, estudantes, produtores rurais, entre outros trabalhadores.
“Não se trata apenas dos 70 anos da Petrobrás. É um ato em defesa da soberania nacional, em defesa das empresas públicas e estatais, em defesa dos serviços públicos de qualidade para a população brasileira”, disse o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar.
Os manifestantes denunciam as sucessivas campanhas de privatização das camadas de petróleo, refinarias e da distribuidora da BRPetrobrás, nos últimos governos.
A vice-presidenta da UNE, Daiane Araújo, lembrou a campanha que levou à fundação da Petrobrás. “A UNE estava junto quando o povo foi às ruas gritar que ‘o petróleo é nosso’ e defender a construção dessa empresa que está fazendo 70 anos. Nós reafirmamos o nosso compromisso com a construção de um projeto de soberania energética e soberania nacional, em defesa das nossas estatais e do serviço público”, disse Daiane.
Também foi apontada a necessidade de se reestatizar a Eletrobrás, privatizada por Bolsonaro em seu governo. “É o momento do povo brasileiro retomar as ruas para defender o patrimônio público nacional. Estamos aqui com os companheiros da Eletrobrás, que foi privatizada, que foi entregue. E agora estamos lutando pela reestatização”, disse Sandro Alex de Oliveira Cezar, presidente da Central Única dos Trabalhadores do Rio de Janeiro (CUT/RJ).
Emanuel Mendes, diretor do Sindicato dos Eletricitários do Rio de Janeiro, destacou que, caso a privatização da Eletrobrás não seja revertida, haverá encarecimento das contas de luz. “Estamos passando por um momento difícil. Mas nossas esperanças se mantiveram com a eleição do presidente Lula, que no processo eleitoral dizia que ia reestatizar a Eletrobrás. E ele assumiu o primeiro passo no STF [Supremo Tribunal Federal]”.
Mendes se refere à ação movida pela Advocacia-Geral da União (AGU) em maio deste ano que questiona a constitucionalidade da Lei Federal 14.182/2021, que autorizou a privatização da Eletrobrás. Nela, foi embutido um trecho que trata da redução da participação da União nas votações do conselho da empresa, proibindo que acionista ou grupo de acionistas exerçam poder de voto maior que 10% da quantidade de ações. Dessa forma, o governo federal, que possui cerca de 43% das ações ordinárias, perde seu poder decisório nas discussões sobre o rumo da empresa.
ATOS PELO BRASIL
O ato organizado no Rio de Janeiro contou com a participação de caravanas que chegaram de outros estados. Mas manifestações em defesa das estatais também foram realizadas em outras cidades do país.
Em São Paulo, os petroleiros realizaram paralisações nas refinarias de Paulínia (Replan) e de Mauá (Recap), pela reestatização das refinarias privatizadas pelo governo Bolsonaro e em apoio a greve dos trabalhadores do Metrô, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que realizam uma greve unificada, também nesta terça-feira (03), contra o pacote de privatizações anunciado pelo governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
No Paraná, os petroleiros se mobilizam pela reestatização da Unidade de Industrialização do Xisto, a SIX, que foi privatizada pela gestão anterior da Petrobrás, assim como a Refinaria Landulpho Alves (Rlam-BA), a Refinaria Isaac Sabbá (Reman), em Manaus (AM), e a Refinaria Clara Camarão, no Polo de Guamaré (RN).
Os petroleiros e petroquímicos paranaenses realizaram, ainda, um ato unitário com diversas categorias e movimentos sociais, em frente à Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (FAFEN), que foi fechada em 2020 pelo governo Bolsonaro, demitindo mais de 1.000 trabalhadores, entre diretos e terceirizados. Desde então, a categoria tem se mobilizado pela reabertura da unidade.
O Rio Grande do Sul também contou com ato conjunto das centrais sindicais e os movimentos populares em frente à Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), que completou 55 anos e também chegou a ser colocada à venda pelo governo Bolsonaro, dessa vez, sem sucesso.