O completo desprezo da concessionária privada Enel com os mais de 2 milhões de consumidores de São Paulo que sofreram com um apagão desde a sexta-feira (3) causou indignação da população. Na quarta-feira (8), a Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as responsabilidades da concessionária e os motivos da demora no restabelecimento da energia. Passada uma semana do temporal que atingiu a cidade, mais de mil residências ainda seguem no escuro.
O pedido da CPI foi feito pelo líder da bancada do PSDB, João Jorge, que será o presidente. A comissão quer investigar os serviços prestados pela Enel e cobrar ressarcimento dos prejuízos sofridos por moradores e empreendedores desde sexta-feira. Ao menos três pedidos de CPI foram realizados na Câmara Municipal.
A comissão tem um prazo inicial de 120 dias para apresentar o relatório final. Além do líder da bancada do PSDB, os vereadores Elaine do Quilombo Periférico (PSOL), Jorge Wilson (Republicanos), Milton Ferreira (Podemos), Ricardo Teixeira (União), Senival Moura (PT) e Thammy Miranda (PL) vão integrar a CPI.
Ainda não foi definido o relator da comissão.
A instalação da CPI está marcada para esta quinta-feira (9), às 13h. A oposição criticou o fato de um vereador da base do prefeito Ricardo Nunes (MDB) presidir a comissão.
Na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), uma CPI já investiga o serviço da empresa desde o primeiro semestre. Nesta semana, a comissão aprovou convocar o presidente da Enel em São Paulo.
A Enel não cumpriu com o prazo para normalização da luz no estado paulista. Inicialmente, a empresa afirmou que o restabelecimento aconteceria até terça-feira. Hoje, entretanto, mais de 11 mil imóveis continuam sem energia.
CORTE DE FUNCIONÁRIOS
Um dos alvos da investigação parlamentar deve ser o corte de 36% dos funcionários desde que a multinacional italiana assumiu a distribuição de energia em São Paulo.
Desde 2019, concessionária Enel já cortou 36% dos funcionários da ex-estatal de distribuição de energia de São Paulo, enquanto o volume de clientes atendidos pela distribuidora cresceu 7% na região metropolitana, sem contar a falta de investimentos que afetam o funcionamento dos serviços.
Hoje é um funcionário para atender 511 clientes, entre residências e empresas, independentemente do número de ocupantes. Em 2019, um empregado atuava para atender 307 clientes.
ENEL COLOCA CULPA EM ÁRVORES
O presidente da Enel em São Paulo, Max Lins, afirmou que 95% das ocorrências de falta de energia ocorreram devido às quedas de árvores nas cidades em que a empresa atua.
Lins disse ainda que as rajadas de ventos de mais de 100 km/h não foram previstas pelos institutos de meteorologia. Entretanto, que na sexta-feira o site do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas) dizia, pela manhã, que havia previsão de chuva moderada a forte à tarde, com raios e ventos de rajada, que poderiam “superar os 70km/h”.
A Prefeitura de São Paulo afirmou que iria entrar com uma ação civil pública contra a Enel pelo descumprimento do acordo. A gestão municipal disse também que irá notificar o Procon e a Aneel para que as medidas necessárias sejam tomadas.