Gritos da oposição de extrema-direita, no entanto, foram abafados pela base governista, que saudou o petista e gritou: “Lula, guerreiro do povo brasileiro”
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), deu bronca na oposição bolsonarista, por ofender o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e demais autoridades durante a promulgação da Reforma Tributária — EC (Emenda à Constituição) 132/23 —, em sessão do Congresso Nacional.
Lula foi chamado de “cachaceiro” e “ladrão” pela oposição no plenário da Câmara, onde estavam reunidos deputados e senadores. Os gritos, no entanto, foram abafados pela base governista, que saudou o petista e gritou: “Lula, guerreiro do povo brasileiro”.
Também houve gritos de “Bora, Alckmin”. Em alusão ao vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB-SP), assumir à Presidência no lugar de Lula. O que demonstra o baixo nível político dos extremistas derrotados nas urnas, que não se acanham e se envergonham de todo o tempo defenderem golpe.
“O que eu pediria nesta Casa é para o que aconteceu, aconteceu, e nós terminarmos essa sessão com o maior nível de respeito possível a todas as autoridades constituídas”, chamou a atenção Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados.
LIRA CHAMOU À RESPONSABILIDADE
“É um dia histórico, portanto, meus amigos e minhas amigas, vamos guardar as nossas convicções para as sessões normais de plenário. Se essa Presidência ainda merece, por parte dos deputados, toda consideração depositada e o respeito que eu tenho a cada um, vamos fazer o máximo possível para nos comportar com o máximo de decoro”, disse Lira.
O pedido de respeito não foi atendido. A oposição vaiou Lula, e os ministros Fernando Haddad (Economia) e Simone Tebet (Planejamento). Quase todos os deputados vaiando eram do PL (Partido Liberal), partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O PT respondeu na hora a todas as vaias. Coros elogiosos foram entoados e abafaram as críticas.
TRÊS PODERES
Cúpula dos Poderes esteve presente. Além de Lula e Lira, também estavam na sessão o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Roberto Barroso.
A proposta foi aprovada duas vezes na Câmara dos Deputados. O texto foi aprovado em definitivo pela Câmara na última sexta-feira (15), em vitória para o governo Lula. Em votação no mês passado, senadores alteraram o conteúdo da reforma, por isso a Câmara teve que apreciar novamente o projeto.
Os deputados aprovaram com boa margem de folga. No primeiro turno, foram 371 votos favoráveis e 121 contrários. No segundo turno o placar ficou em 365 a 118. Eram necessários ao menos 308 votos, por se tratar de PEC (proposta de Emenda à Constituição).
NEGOCIADOR
Haddad foi o responsável por negociar a reforma com o Congresso. O ministro da Fazenda articulou texto em comum com Lira e Pacheco, além dos relatores nas duas casas legislativas — Câmara e Senado.
O presidente da Câmara foi o principal fiador da proposta e trabalhou para finalizar a votação ainda neste ano. Para conseguir quórum, convocou sessão semipresencial com desconto no salário de quem não votasse.
As mudanças só serão concluídas em 2033. Até lá, há um período de transição e de regulamentação de diversos trechos. O Executivo terá até 180 dias a partir da promulgação para enviar os projetos de lei complementar que regulamentarão a reforma.
DEPUTADO DO PT REVIDA AGRESSÕES
Os deputados bolsonaristas foram tão agressivos e desrespeitosos, que o deputado do PT, Washington Quaquá (RJ), reagiu aos ataques contra o presidente da República. Ele chegou a dar um tapa na cara do deputado Messias Donato (Republicanos-ES).
Quaquá filmava o deputado Donato, o que gerou discussão que culminou no tapa. O vice-presidente do PT foi para frente do colega da oposição, e não houve tempo para outros parlamentares tentarem impedi-lo.
Quaquá disse que foi empurrado e impedido de gravar. Disse ainda que, por isso, reagiu, dando o tapa. Confirmou que a confusão começou a partir de vaias a Lula.
OPOSIÇÃO EXTREMISTA E INCONSEQUENTE
Os bolsonaristas tentaram estragar a solenidade de promulgação da Reforma Tributária, em discussão há mais de 30 anos no Congresso.
Esses parlamentares, que inclusive votaram contra a proposta, na lógica do “quanto pior, melhor”, não perdem uma chance de tentar convulsionar o governo, a fim de tentar naufragá-lo.
E dessa vez, eles passaram da conta. Tanto é verdade que foram repreendidos pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.
M. V.