Lideranças religiosas, fiéis, políticos, representantes de torcidas organizadas de futebol, como o CDC (Corinthians), Porcomunas (Palmeiras) e Tricolor Antifas (São Paulo) lotaram neste domingo (7) a Capela de São Miguel Arcanjo, na Mooca, zona Leste de São Paulo, para participar da missa em homenagem e apoio ao Padre Júlio Lancellotti e em repúdio à perseguição contra ele por parte de vereadores da capital.
O religioso é alvo de uma tentativa de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal que alega investigar a atuação de ONGs na assistência à população em situação de rua da capital.
Uma carta assinada por mais de 700 entidades em solidariedade ao pároco foi entregue durante a celebração. Padre Júlio foi aplaudido de pé quando um dos representantes exaltou que ele deveria receber o Prêmio Nobel da Paz e da Solidariedade por sua atuação na Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese Metropolitana.
“Um apoio – massivo e muito importante – ao padre Julio, com discursos muito emocionantes. Uma coisa muito brutal (a perseguição contra ele). Mas ele se manteve equilibrado, consciente. Seu trabalho independe de governos. Sua atuação é muito importante, ressaltou Adilson Monteiro Alves, deputado estadual por São Paulo por dois mandatos na década de 90, deputado constituinte e idealizador do Coletivo Democracia Corinthiana (CDC).
“Represento muitos bispos, muito padres, muitos agentes de pastoral, que assim como eu, gostariam de estar aqui, lotando essa igreja e que estão rezando nesses dias, com o senhor, pelo senhor”, disse Dom Luiz Peluso, cardeal arcebispo da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim (ES). “E o senhor representa todas essas pessoas que nesse país lutam pelos mais pobres, pelos mais vulneráveis que são os preferidos de Jesus”, prosseguiu Dom Luiz.
“Então, ao homenageá-lo, nós homenageamos todas as pessoas que vivem concretamente o dia a dia o Evangelho de Jeus. Parabéns pela sua luta, a sua luta é nossa, é a luta da Igreja. Continue firme, sabendo que o senhor não está sozinho. Quando mexerem com o senhor, vão mexer com todos nós, nós estamos juntos com o senhor”, completou.
“Foi emocionante. Lacrimejei em alguns momentos. Ele foi aplaudido de pé quando alguém disse que ele merece o Nobel da paz”, declarou a professora aposentada e fiel Rosangela Castelo Branco, que foi levar o seu apoio ao padre.
Em sua fala, Padre Júlio, de 75 anos, agradeceu aos presentes e disse: “Esses dias têm sido muito difíceis porque atingem uma pessoa e todos nos sentimos atingidos. É a resposta do povo, dos irmãos e irmãs comprometidos com uma pastoral humanizadora, libertadora, com uma sociedade justa, libertária e fraterna, onde a luz de Jesus possa brilhar”.
“Essa CPI, que alguns vereadores queriam colocar, especialmente um vereador, que disse: ‘o padre Julio – ele nem me chama de padre – o Lancellotti virá aqui nem que seja algemado, amarrado, nós vamos arrastá-lo aqui para a Câmara’. Uma maneira violenta, muito cruel e desrespeitosa, afinal de contas eu já tô na Terceira Idade também”.
O padre destacou que a manobra para instalação da CPI articulada pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil) não foi adiante depois que vários vereadores recuaram do apoio diante da repercussão do caso. “Aconteceu uma pressão tão forte como poucas vezes a Câmara Municipal foi alvo. Uma pressão tão forte, que vários vereadores já retiraram o apoio a essa CPI inviabilizando-a”.
Parabéns á Jornalista Josi Souza por compartilhar conosco as informações sobre a missa. Padre Júlio merece todo apoio e solidariedade por seu importante trabalho junto às pessoas em situação de rua.