Na manhã desta quinta-feira (8), um homem foi assassinado com um tiro à queima-roupa por um policial militar na Avenida Brasil, na altura do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Um vídeo flagra o momento exato em que o PM parece bater com o fuzil no homem e a arma dispara, acertando a barriga dele. O policial vai embora sem prestar socorro.
Jefferson de Araújo Costa participava de um protesto e, nas imagens, aparenta estar desarmado e sem oferecer risco ao PM. O vídeo mostra ele sendo socorrido por moradores, desacordado e perdendo muito sangue. Ele foi levado para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, mas já chegou morto no local.
Outros vídeos mostram que viaturas da Polícia Civil e Militar passaram pelo local sem prestar socorro ao jovem, que ficou agonizando no chão, por mais de 10 minutos.
Segundo a PM, o policial que fez o disparo foi identificado e conduzido à 21ª DP (Bonsucesso). A conduta do agente será investigada pela Corregedoria da Corporação, com análise das imagens da câmera corporal que ele usava no uniforme. O nome do policial não foi divulgado.
De acordo com moradores, o protesto pedia o fim da operação policial.
As polícias Militar e Civil realizavam uma ação na Maré. Durante a operação, outros dois moradores ficaram feridos e foram encaminhados ao Hospital Evandro Freire. Eles foram baleados na perna e nádega, mas têm quadro de saúde estável.
Agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) entraram na Nova Holanda depois que um motorista foi encontrado na Avenida Brasil após um assalto.
Ele contou aos policiais que os bandidos tinham fugido para o interior da comunidade com 11 carros de uma carreta cegonha, aquele longo caminhão usado para transportar outros veículos.
Durante a ação, todos os carros foram recuperados. A carga é avaliada em R$ 2 milhões.
A carga com carros de alto padrão vinha de Minas Gerais para ser entregue no Rio. O motorista, que é mineiro, contou à polícia que parou em frente a uma locadora de carros na Avenida Brasil, e em poucos minutos foi abordado por três bandidos, que o fizeram dirigir por cerca de um quilômetro.
Depois de um tempo, ele foi colocado dentro de outro carro por quase uma hora. Nesse período, os bandidos descarregaram a cegonha e levaram os 11 carros.
Com a entrada dos policiais na comunidade, os moradores relataram muitos tiros na Nova Holanda e Parque União.
Duas escolas estaduais precisaram ser fechadas, além da Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva. A Secretaria Municipal de Educação ativou o protocolo de segurança, que consiste em manter os alunos e funcionários na maior segurança possível.
A ONG Rio de Paz condena o despreparo das forças de segurança e um descaso com o morador, além de desprezo pela vida humana. “Se isso acontece em plena luz do dia e em frente às câmeras, imagina o que ocorre nos becos e vielas à noite?”, questiona.
A Redes da Maré disse que tem “indignação e tristeza diante das atrocidades cometidas por policiais atuantes na operação policial” e que os “efeitos da violência e do descaso com os moradores são incalculáveis”.
Em relação ao jovem Jeferson, a entidade destaca que “ele ficou cerca de 12 minutos sangrando, esperando por socorro, enquanto agentes em viaturas da Polícia Militar e da Polícia Civil passaram, ouviram os pedidos dos moradores por ajuda e nada fizeram. Segundo a família, ele sofria de questões relacionadas à saúde mental”.