![](https://horadopovo.com.br/wp-content/uploads/2024/03/Metralha-israelense-tirou-a-vida-de-112-palestinos-e-feriu-mais-de-800-AFP.jpg)
Veja o vídeo que mostra as tropas de ocupação israelense em Gaza disparando contra a multidão de famintos que tentavam conseguir um saco de farinha nos caminhões da ajuda humanitária. Disparos de metralhadora, de tanque e de drones.
Perpetrado na quinta-feira (29), o massacre da rua Al Rashid foi recebido com horror e indignação no mundo inteiro. No mesmo dia, a contagem de corpos em Gaza ultrapassou a horrenda marca dos 30.000.
De acordo com o diretor interino do hospital Al Awda, 80% dos feridos da fila da comida para lá levados têm ferimentos de bala.
Outro médico relatou à NBC news que a grande maioria das vítimas foi ferida por disparos de bala no peito, na cabeça ou nos membros, não por pisoteamento.
O sobrevivente Kamel Abu Nahel disse à Associated Press que ele e outras pessoas foram para a rua Al Rashid, na Cidade de Gaza, depois de ouvir que haveria uma entrega de comida, por estar “comendo ração animal há dois meses”. Há pelo menos um mês a ocupação bloqueia a chegada de caminhões de ajuda ao norte de Gaza.
Ele relatou que “as tropas israelenses abriram fogo contra a multidão, fazendo com que ela se dispersasse, com algumas pessoas se escondendo sob carros”. Depois que o tiroteio parou, eles voltaram para os caminhões da ajuda humanitária, “mas os soldados israelenses abriram fogo novamente”.
“Baleado na perna”, ele caiu e então “um caminhão o atropelou enquanto acelerava”.
De acordo com testemunhas, os episódios de atropelamento se deveram aos disparos israelenses contra os caminhões da ajuda humanitária.
Na semana passada, a organização humanitária Save the Children disse que famílias em Gaza foram forçadas a “procurar restos de comida deixados por ratos e comer folhas por desespero para sobreviver”.
“CENTENAS DE CORPOS CAÍDOS NO CHÃO”
Fares Afana, chefe do serviço de ambulâncias do Hospital Kamal Adwan de Gaza, disse que os médicos encontraram “dezenas ou centenas” de corpos caídos no chão assim que chegaram ao local.
Ele disse ainda que feridos tiveram de ser levados para hospitais em carrinhos de burro, pois não havia ambulâncias suficientes para levar todas as vítimas. Na área, a maioria dos hospitais está fora de operação por causa dos repetidos ataques israelenses e os que restaram estão incapazes de lidar com o grande fluxo de pacientes.
Ahmad, um homem de 31 anos que deu apenas seu primeiro nome, disse ao Middle East Eye que caminhões de ajuda chegaram à rua às 4h e que as forças israelenses dispararam contra as pessoas que tentavam chegar ao comboio. Ahmad foi baleado no braço e na perna.
“O tiroteio foi indiscriminado, pessoas baleadas na cabeça, no pé, no estômago”, disse. “Um homem foi martirizado e depois atropelado pelo tanque.”
Fontes israelenses admitiram à AFP que as tropas dispararam contra os palestinos supostamente por acreditarem que a multidão “representava uma ameaça”, mas o porta-voz da ocupação oficialmente atribuiu as dezenas de mortos e centenas de feridos ao pisoteamento pela multidão e atropelamentos dos caminhões da ajuda.
Em suma, as próprias vítimas seriam os culpados pelos mortos e feridos.
Dada a histeria e desumanização dos palestinos desencadeadas pelo governo Netanyahu-Gvir, não chega surpreender que soldados atirem contra civis famintos e desarmados.
GENOCÍDIO JÁ TEM 30.000 ROSTOS
“Parece não haver limites para – nem palavras para captar – os horrores que estão se desenrolando diante de nossos olhos em Gaza”, disse o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk.
“Desde o início de outubro, mais de 100 mil pessoas [palestinos] foram mortas ou feridas. Deixe-me repetir isso: cerca de uma em cada 20 crianças, mulheres e homens, estão agora mortos ou feridos”, disse Türk.
“Pelo menos 17.000 crianças estão órfãs ou separadas de suas famílias, enquanto muitas mais carregarão as cicatrizes do trauma físico e emocional por toda a vida.” Isso – ele concluiu – “é carnificina”.