O motociclista Luiz Fernando do Carmo Fontes, baleado por um policial militar na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio, na terça-feira (4), será sepultado na tarde desta quinta-feira (6).
O jovem, de 27 anos, que era fiscal de voo de asa-delta e trabalhava esporadicamente como entregador para complementar a renda, morava com a namorada na Cidade de Deus e estava a caminho da casa da mãe, na Taquara, quando foi alvejado.
A família nega a versão da polícia de que o jovem foi morto por um disparo acidental, já que foi atingido na nuca.
“Isso sempre está acontecendo, nós vemos as reportagens. E sempre é acidental, não teve culpa, tiram as cargas das suas responsabilidades e ninguém assume nada. Eu acho que temos que lutar pelos direitos e ver o que pode ser feito, porque não foi casual. Deram um tiro para matar mesmo, um tiro de fuzil na nuca do meu filho”, afirmou Vaneide Carmo, mãe de Luiz Fernando.
A versão da Polícia Militar é que agentes do 18ºBPM (Jacarepaguá) avistaram uma moto com um homem “em atividade suspeita na Estrada dos Bandeirantes”, e houve um cerco tático. Segundo a PM, quando a moto entrou em um dos acessos à Cidade de Deus, um dos agentes disparou acidentalmente e Luiz Fernando foi atingido, sendo socorrido pelos policiais e levado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge e, posteriormente, transferido para o Hospital Municipal Miguel Couto, onde morreu.
Para a irmã de Luiz Fernando, a professora Melisse Santos, nada justifica a morte do irmão, que era “um dos pilares da família”. “A gente não imagina passar por isso nem nos piores pesadelos. Estamos consternados, mas decidimos canalizar as nossas forças para buscar justiça. A gente tem que sair desse processo de naturalizar a violência urbana. E precisamos dar nome. Não é sem querer ou acidental”, disse Mellise.
Segundo o vice-presidente do PCdoB estadual, Irapuan Ramos Santos, “mais uma vez a violência institucionalizada e organizada contra o povo nos atinge em cheio. Desta vez é o assassinato do jovem Luiz Fernando, uma vida promissora que foi brutalmente interrompida”.
“Era filho de uma mulher de luta, Vaneide do Carmo, que conheci na luta pela criação do Partido Pátria Livre e nos acompanhou na incorporação ao PCdoB, se transformando em mais uma defensora das nossas bandeiras. Toda solidariedade à Vaneide e sua família. Punição rigorosa ao criminoso”, afirma Irapuan.
O sepultamento será hoje, no Cemitério da Pechincha, às 15h30.
