Nesta quarta-feira (11), a Justiça de São Paulo decidiu manter a prisão do vereador João Naves (PSD), de Carapicuíba, na Grande São Paulo, após audiência de custódia. O parlamentar foi preso em flagrante por injúria racial contra o também vereador Bruno Marino (Podemos), que é negro.
O caso ocorreu na manhã de terça (10) numa sala de reuniões dentro da Câmara Municipal da cidade, localizada na Grande São Paulo. O acusado nega o crime.
Bruno contou que foi chamado de “preto safado” repetidas vezes. “Tendo essa situação, eu dei voz de prisão [ao vereador João Naves]. Acionei a Guarda Municipal, que acionou o delegado de polícia, que conduziu o vereador até o 1º Distrito Policial aqui de Carapicuíba.”
Após o ocorrido, a vítima, quando já estava no plenário, pediu que o fato constasse da ata da sessão. A solicitação foi registrada em vídeo na TV Câmara da cidade.
“Aqui embaixo, na sala de reuniões, acabei de ter uma discussão com o vereador Dr. João Naves, o qual acabou de me chamar de preto safado na presença de, salvo engano, mais seis ou sete vereadores”.
Em frente à delegacia, o vereador Bruno Marino lamentou o ocorrido: “A gente está aqui clamando por justiça. O que me ligou o sinal de alerta foi que eu, como colega dele, vereador… Fico imaginando o que ele faz com os funcionários, o que ele faz por aí. Não posso nem imaginar. Se eu, como vereador, advogado, colega de trabalho, sofri isso, imagina os demais, o povo mais vulnerável na nossa cidade”.
Ao chegar à unidade policial, o vereador João Naves foi recebido por diversas pessoas que gritavam: “Racista, racista, racista!”. A assessoria do vereador João Naves afirmou que “jamais houve isso. Ele se aproveitou da discussão extrema para se beneficiar politicamente e ele sempre usa de narrativa de racismo”. Segundo a assessoria, o vereador irá “se pronunciar pessoalmente sobre todos os fatos”.
Em depoimento à polícia, o parlamentar negou o crime. No entanto, segundo o delegado responsável pelo caso, no caminho até a delegacia, o político confessou, informalmente, que xingou Bruno Marino. Diante disso e dos relatos de testemunhas, ele teve a prisão em flagrante decretada.
Por nota, a Câmara Municipal informou que os fatos estão em apuração e aguarda um parecer da Justiça sobre os procedimentos que deverão ser adotados com relação ao ocorrido.
“A Casa Legislativa jamais compactuaria com manifestações de teor racista e/ou preconceituoso contra qualquer indivíduo, seja ele detentor de um mandato parlamentar ou não”, afirmou no comunicado.