O presidente Evo Morales informou que o crescimento econômico da Bolívia em junho, referente aos últimos 12 meses, foi de 4,61%, índice que garante o pagamento de um segundo 13º – ou seja um 14º salário – aos trabalhadores do setor público e privado, respeitando o decreto supremo que estabelece esse benefício quando a expansão econômica supera 4,5%.
“Venho informar ao povo boliviano que o duplo 13º está garantido para 2018”, disse Morales em uma coletiva de imprensa na Casa Grande do Povo, sede do Governo.
“Em junho do ano passado o crescimento econômico era de 3,94% e até junho de 2018 o aumento do PIB foi de 4,61%. São dados do INE (Instituto Nacional de Estatística) respaldados por organismos internacionais”, acrescentou. A partir de 2013, um decreto de Morales determinou que o 13º será dobrado toda vez que o PIB superar 4,5% anual. O benefício é denominado ‘Esforço pela Bolívia’, e será pago “como justo reconhecimento aos trabalhadores da Bolívia”, frisou Evo.
Em sua mensagem, o presidente disse que o governo convocará a Confederação de Empresários Privados da Bolívia para escutar suas preocupações, mas “sobretudo para operacionalizar o pagamento do segundo 13º”.
“Estamos felizes e contentes com este anúncio do Presidente. Vemos e acreditamos que a Bolívia está encabeçando o crescimento econômico em nível da América do Sul, isso é de se destacar”, afirmou o Secretário executivo da Central Obreira Boliviana (COB), Juan Carlos Huarachi.
O dirigente da Central Obreira Departamental (COD) de Santa Cruz, Rolando Borda, anunciou que os trabalhadores não aceitarão chantagens ou negativas de parte dos empresários e que se estes não pagarem o segundo 13º, ocuparão as empresas.
Segundo o dirigente sindical da região mais industrializada do país, nos últimos anos os lucros dos empresários forem superiores aos de anteriores gestões, pelo que “é justo o pagamento”. “Então, nós trabalhadores temos todo direito de aceder a um pouco desses lucros”, ressaltou.
Da mesma maneira, O Secretário executivo da Central Obreira Departamental (COD) de Cochabamba, Hermo Pérez, recomendou aos empresários privados cumprir com o duplo 13º “sem discutir, nem negociar nada”. “Todos os empregadores devem cumprir, porque é um decreto supremo e não se pode vulnerar. Não há nada que discutir, não há nada que negociar, mais pelo contrário há que exigir o cumprimento”, sublinhou.
Evo Morales realçou que os avanços na economia da Bolívia têm sido produto da nacionalização dos recursos naturais, da sua industrialização e a recuperação das empresas estratégicas. “Antes era toda uma luta, (…) para mudar esse modelo econômico de saque permanente de nossos recursos naturais, a economia estava em mãos dos estrangeiros e temos sabido como recuperá-los (…) Graças à luta, nacionalizamos, investimos e agora batemos recordes na economia”, sublinhou.
Lamentou que outras nações da região não tenham conseguido avançar em matéria de desenvolvimento social nem superação da desigualdade, referindo-se especificamente ao Brasil e Argentina, países onde há governos que insistem em desenvolver políticas neoliberais, fracassadas em todos os lugares onde se impuseram.
“Eles são privatizadores e nós nacionalizadores, essa é nossa profunda diferença. (…) A Bolívia é respeitada porque deixou de mendigar. Antes precisávamos importar tudo que consumíamos, agora trabalhamos para produzir aqui”, concluiu Evo.