“Insistir no aumento da Selic, considerando que já tem embutidos juros reais de cerca de 7%, faz com que o setor industrial adie investimentos essenciais, voltados à modernização ou expansão da sua matriz de produção, deixando de melhorar sua produtividade e desperdiçando oportunidades de contribuir com o crescimento do país”
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nota classificando como “a crônica de uma morte anunciada” de cultura dos juros altos o eventual aumento da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, nesta quarta-feira (29). De acordo com a entidade, a continuidade do ciclo de alta dos juros “traria efeitos negativos sobre a criação de emprego e renda”.
“Insistir no aumento da Selic, considerando que já tem embutidos juros reais de cerca de 7%, faz com que o setor industrial adie investimentos essenciais, voltados à modernização ou expansão da sua matriz de produção, deixando de melhorar sua produtividade e desperdiçando oportunidades de contribuir com o crescimento do país”, diz a nota da entidade.
Segundo a CNI, “o aumento da taxa de juros custa caro para a dívida pública. Se a Selic subir 1 ponto percentual (p.p.) na próxima reunião do Copom, o custo da dívida bruta federal aumentará em R$ 50 bilhões, de acordo com estimativas do próprio Banco Central”.
JUROS REAIS ENTRE OS MAIORES DO MUNDO
“A taxa de juros real – que desconta a inflação – está em 6,8% ao ano (a.a.), ou seja, 1,8 p.p. acima da taxa de juros neutra estimada pelo Banco Central, de 5% a.a. Isso caracteriza uma política monetária bastante contracionista. Vale pontuar que a política monetária está contracionista há três anos. Com isso, o Brasil permanece na parte de cima do ranking mundial das maiores taxas de juros reais, atrás apenas da Turquia e da Rússia”.
“No atual patamar de 12,25% a.a., a CNI estima que a Selic está, no mínimo, 2,45 p.p. acima da taxa de juros de equilíbrio, de 9,80% a.a., que seria aquela necessária para, de um lado, conter a inflação e, de outro, reduzir os impactos sobre o crescimento econômico”.
A CNI aponta que os juros elevados comprometem a atividade econômica. “Após a desaceleração observada no PIB do terceiro trimestre de 2024, os dados de atividade do último trimestre (até novembro) mostram que a tendência se manteve”.
“Em novembro de 2024, a produção industrial caiu 0,6% em relação a outubro, sendo o segundo mês consecutivo de queda. No varejo, o volume vendido diminuiu 1,8% em novembro, revertendo o crescimento que havia sido registrado no mês anterior. Já nos serviços houve recuo de 0,9% em novembro, o que praticamente anulou a alta obtida em outubro”.