“Inaceitável que as condições acordadas com o governo norte-americano não sejam respeitadas”, afirma Aloysio Nunes. Governo Lula teve uma “reação adequada ao fato”
O ex-ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, afirmou que o acordo sobre deportação foi violado pelos Estados Unidos ao trazer brasileiros algemados e acorrentados no avião que pousou em Manaus.
Aloysio Nunes participou do acordo firmado entre Brasil e Estados Unidos em 2017 que regula as formas de deportação entre os dois países.
O acordo, afirmou o ex-ministro, “proíbe o uso indiscriminado de algemas e correntes. Ou seja, o uso que não se justifique por razões sérias de segurança”.
No entanto, no voo que chegou em Manaus na sexta-feira (24), os brasileiros estavam algemados e acorrentados. A Polícia Federal já colheu depoimentos sobre violência por parte dos agentes norte-americanos.
Aloysio Nunes apontou que “o acordo bane o uso indiscriminado desses instrumentos e preconiza, também, o tratamento digno e respeitoso dessas pessoas, o que visivelmente foi violado neste voo que chegou a Manaus”.
Para ele, houve um “tratamento degradante” dos brasileiros que estavam sendo deportados.
O voo parou em Manaus por problemas técnicos e só não seguiu até Belo Horizonte por uma intervenção do governo brasileiro. As pessoas que estavam no voo foram acolhidas e, mais tarde, levadas até o destino em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB).
Nunes avalia que o governo Lula teve uma “reação adequada ao fato”, referindo-se à nota do Itamaraty que diz ser “inaceitável que as condições acordadas com o governo norte-americano não sejam respeitadas” e à apuração feita pela PF.
Ele ainda falou que viu “com muita tristeza muitas manifestações de júbilo de políticos brasileiros dando apoio a esse episódio”, mas não quis se estender.
Aloysio Nunes contou que o governo Temer, do qual foi ministro, assinou o acordo de deportação para acabar com a prática dos Estados Unidos de prender os imigrantes ilegais e separá-los dos filhos, que eram levados para orfanatos. “Para nós interessava que isso acabasse logo” essa “situação desumana”, disse.