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Relatório da corporação cita indícios de envolvimento do senador Eduardo Gomes (PL-TO), em suposto esquema de rateio de emendas
A Polícia Federal (PF) pediu autorização ao Supremo Tribunal Federal (STF) para abrir inquérito e apurar suspeita de desvios relacionados às emendas parlamentares do senador Eduardo Gomes (PL-TO).
Gomes é o atual 1º vice-presidente do Senado e foi líder do governo de Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional. Em 2019, foi um dos senadores que atuou na relatoria do Orçamento de 2020.
O pedido da PF se deu dentro do inquérito da Operação Emendário, que mirou 3 deputados do PL denunciados pela PGR (Procuradoria-Geral da República). Leia íntegra da matéria: PF obtém áudios que revelam esquema de venda de emendas dos deputados do PL
Ao analisar aparelhos eletrônicos apreendidos durante a investigação, a PF encontrou mensagens em que o ex-assessor de Eduardo Gomes cobra o pagamento de valores de Carlos Lopes, secretário parlamentar do deputado Josimar Maranhãozinho (PL-MA).
ELABORAÇÃO DE OFÍCIO E PLANILHAS
Lopes é identificado pela PF como o responsável pela elaboração de ofício e planilhas, bem como pela articulação de emendas com outros parlamentares sob o comando de Josimar Maranhãozinho.
Na troca de mensagens, de fevereiro de 2022, Lopes fala com pessoa identificada como “Lizoel Assessor” e é cobrado a respeito de pagamento. Eduardo Gomes tem ex-assessor chamado Lizoel Bezerra.
“Eles aparentemente tratavam sobre porcentagens de emendas destinadas pelo senador, sob a gestão do deputado federal Maranhãozinho. Trata-se exatamente do mesmo modus operandi ora investigado, somente trocando quem eram os parlamentares dirigidos pelo deputado federal Maranhãozinho”, está no relatório da PF sobre as mensagens.
“SALDO DEVEDOR”
Segundo a PF, a cobrança feita por Lizoel Bezerra é de “saldo devedor” de R$ 1,3 milhão, dos quais o ex-assessor do senador pedia que fossem pagos ao menos R$ 150 mil naquele momento por causa de suposta viagem.
Dia 17 de fevereiro de 2022, Lizoel enviou para Lopes: “Bom dia amigo. Me dá uma posição. Homem tá na agonia. Pagar contas e viajar”.
A PF indica que o tal homem agoniado é Eduardo Gomes, porque Lizoel Bezerra envia print de conversa com interlocutor com o nome do senador e cuja foto do perfil é do mapa do Estado de Tocantins – por onde Gomes foi eleito.
MAIS COBRANÇA
No dia seguinte, o ex-assessor do senador volta a cobrar Lopes.
“Bom dia Carlos Alguma novidade A camionete [sic] chegou?”, pergunta Lizoel Bezerra. O secretário de Maranhão responde que não chegou nada, “tanto na conta como no chão”, e o ex-assessor do senador ordena que ele faça plantão na “porta da cs dos cara e resolva”.
Na conversa, escreve a PF, chama a atenção o receio do ex-assessor de Eduardo Gomes, que o atraso no pagamento dos valores devidos atrapalhe a atuação dele “no próximo orçamento”.
“E a pior parte disso tudo é eu ficando queimado com o amigo e nesse próximo orçamento não vou ter nada. Isso é de f*der [Sic]”, escreveu Lizoel Bezerra na mensagem.
Apesar das conversas, não foi possível identificar a origem da dívida.
OPERAÇÃO EMENDÁRIO
A troca de mensagens segue até 10 de março de 2022, véspera do dia em que foi cumprido mandado de busca na casa de Lopes, na Operação Emendário.
Diante das hipóteses que envolvem o senador, a PF encaminhou o relatório à PGR e sugere que os indícios encontrados serviriam para subsidiar a abertura de nova investigação mais detida no envolvimento do parlamentar.
“Em que pese ser um encontro fortuito de provas, que, salvo melhor juízo, deve ser investigado em outro procedimento, destaca-se neste momento porque corrobora a hipótese aventada de rateio de valores de emendas parlamentares”, consta do relatório da PF.
Após o pedido, a PGR, em despacho de agosto de 2024, mandou extrair o relatório da PF da Operação Emendário e iniciar “petição autônoma destinada à realização de diligências preliminares”.