
Faleceu nesta sexta-feira o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, aos 81 anos. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, fundado por ele e sua esposa, Lélia Wanick. Considerado um dos maiores fotógrafos do mundo, ele morreu em Paris, em decorrência de uma leucemia grave.
Nascido em 1944 em Aimorés, Minas Gerais, ele deixa dois filhos. Salgado iniciou sua carreira em 1973. Ele tinha um distúrbio sanguíneo causado por malária, contraído na Indonésia e não conseguiu tratar apropriadamente. Por isso, se aposentou do trabalho de campo em 2024, dizendo que seu corpo estava sentindo “os impactos de anos de trabalho em ambientes hostis e desafiadores”.
“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora”, diz o texto do Instituto Terra.
Considerado um dos fotógrafos mais importantes do mundo, o mineiro foi mestre na arte de retratar a alma humana e do planeta em preto e branco. Suas lentes captaram momentos históricos e gente simples, as maiores belezas da natureza e sua degradação.
Salgado ficou famoso por fazer registros documentais impressionantes, como o da Serra Pelada na década de 1980; “Trabalhadores”; e o ensaio “Êxodos” mostrando povos migrantes pelo mundo. Ao todo, percorreu mais de 120 países.
Ele era formado em Economia, mas descobriu a fotografia em 1973. Desde então, nunca mais deixou essa paixão. Em 1998, ao lado da esposa Leila, fundou o Instituto Terra, em sua luta pelo reflorestamento da Mata Atlântica brasileira e do planeta em geral.

Uma das fotos mais icônicas, “Serra Pelada”, foi incluída pelo “The New York Times” na seleção de 25 imagens que definem a modernidade desde 1955. O jornal destacou a escala impressionante e a força visual da composição, registrada em 1986.
Serra Pelada, no coração da Floresta Amazônica, no leste do Pará, ficou conhecida como o maior garimpo a céu aberto do mundo. “Eu nunca vi nada parecido. Vi passar diante de mim, em frações de segundo, a história do humano, da humanidade, a Torre de Babel”, afirmou Salgado. A série de fotos o tornou um fotógrafo consagrado.
Em 2014, o documentário O Sal da Terra, codirigido pelo premiado cineasta alemão Wim Wenders e por Juliano Ribeiro Salgado, filho de Sebastião, foi premiado em Cannes e indicado ao Oscar de Melhor Documentário.

“A fotografia é o espelho da sociedade”, declarou ao ser premiado em Londres por sua carreira. A frase resumiu o objetivo que buscou com meio século de trabalho, concentrado nos últimos anos na proteção da natureza.
“Um fotógrafo tem o privilégio de estar onde as coisas acontecem. Em uma exposição como esta, as pessoas me dizem que sou um artista e eu digo que não, sou um fotógrafo e é um grande privilégio ser um fotógrafo. Tenho sido um emissário da sociedade da qual faço parte.”

Ao longo de sua carreira, Sebastião foi premiado com diversas honrarias. Recebeu a comenda da Ordem do Rio Branco no Brasil, era membro da Academia de Belas Artes francesa, Embaixador da Boa Vontade da UNICEF e membro honorário da Academy of Arts and Science dos Estados Unidos.
“Sei que não viverei muito mais. Mas não quero viver muito mais. Já vivi tanto e vi tantas coisas”, disse ao jornal ‘Guardian’ em 2024.

Veja a nota na íntegra:
Com imenso pesar, comunicamos o falecimento de Sebastião Salgado, nosso fundador, mestre e eterno inspirador.
Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade.
Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora.
Neste momento de luto, expressamos nossa solidariedade a Lélia, a seus filhos Juliano e Rodrigo, seus netos Flávio e Nara, e a todos os familiares e amigos que compartilham conosco a dor dessa perda imensa.
Seguiremos honrando seu legado, cultivando a terra, a justiça e a beleza que ele tanto acreditou ser possível restaurar.
Nosso eterno Tião, presente!
Hoje e sempre.
Instituto Terra