
Na última sexta-feira (6) o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro realizou uma operação em meio a uma festa junina no morro Santo Amaro, na região do Catete, deixando uma pessoa morta e ao menos cinco feridas.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o momento em que as pessoas estão participando da festa junina, dançando e comendo, quando começam os disparos de tiros. Ocorre uma correria generalizada com gritos e denúncias de violência policial. No local estavam famílias, jovens e crianças.
Herus Willians Guimarães, que trabalhava como office boy, foi atingido na barriga por um dos tiros e morreu no Hospital Glória D’or. Ele deixa um filho de dois anos. Os demais feridos, dentre eles um adolescente de 16 anos, foram levados para o Hospital Souza Aguiar, no Centro.
No momento da invasão policial, a comunidade recebia uma apresentação de quadrilhas juninas de várias regiões da cidade.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, considerou a situação decorrente da ação policial revoltante e desesperadora e disse que vai exigir apuração.
“Recebi imagens da operação policial realizada essa madrugada na favela do Santo Amaro. Crianças, jovens e idosos que estavam em uma festa junina no local foram surpreendidos com rajadas de tiros. Um jovem morreu e várias pessoas ficaram feridas por uma política de segurança pública que não respeita a vida daqueles que moram e residem em favelas e periferias”.
“O Bope entrou atirando no meio da Festa Junina do Santo Amaro! A falsa guerra ao tráfico só se reafirma como guerra aos pobres e às favelas. Era pra ser alegria, virou terror. Morador não é bandido! Até quando a bala será a resposta do Estado ao povo favelado?”, questionou a deputada estadual carioca Marina do MST, cobrando apuração sobre o caso.
Em nota, a Polícia Militar do Rio de Janeiro alegou que o Bope realizou “uma ação emergencial para checar informações sobre a presença de diversos criminosos fortemente armados reunidos na comunidade se preparando para uma possível investida de criminosos rivais visando uma disputa territorial na região”.
Ainda segundo a PM, criminosos teriam atirado contra os policiais na região da festa junina, mas não teria havido revide. Segundo a corporação, os policiais do Bope “utilizavam câmeras de uso corporal e as imagens já estão sendo captadas e analisadas pela Corregedoria da corporação. O comando do Bope também instaurou um procedimento apuratório para analisar as circunstâncias dos fatos”.