
Empunhando bandeiras palestinas e lenços brancos pela paz, manifestantes reiteraram que é hora de pôr fim ao banho de sangue praticado por Israel e condenaram o aval silencioso da premiê Giorgia Meloni com a matança
“Parem o massacre! Chega de cumplicidade”, defenderam mais de 300 mil italianos em Roma neste sábado (7) exigindo o fim dos bombardeios israelenses em Gaza e uma ação rigorosa do governo da premiê Giorgia Meloni contra os crimes de Netanyahu.
Convocados pelo Partido Democrata, o Movimento 5 Estrelas (M5S) e a Aliança de Esquerda Verde, os manifestantes iniciaram a marcha na Praça Vittorio e seguiram até a Praça San Giovanni, onde encerraram o ato fazendo ecoar as palavras de ordem pelo fim do genocídio: “Palestina livre” e “Todos somos palestinos”.
Comemorando a presença das “mais de 300 mil pessoas na praça”, a apresentadora Valentina Petrini reforçou o significado da multidão estar unida com suas bandeiras palestinas e lenços pela paz.
Um mar de aplausos acompanhou a jornalista palestina Rula Jebreal quando qualificou os crimes de guerra praticados por Israel em Gaza como “genocídio”. “A comunidade internacional tem o dever de impedir o extermínio do meu povo. Não podemos proteger o sistema à custa de vidas humanas. Nosso dever é salvar pessoas, não justificar a violência”, sublinhou Jebreal, lembrando que já são mais de 55 mil palestinos mortos e 125 mil feridos, muitos deles com amputações.
A secretária do Partido Democrata, Elly Schlein, defendeu que “é hora do governo abraçar a tradição diplomática italiana”. “Nosso país tem uma vocação para a paz que está sendo posta de lado. A Itália repudia a guerra e deve exigir respeito ao direito internacional. Estamos aqui para decidir que é hora de pôr fim ao massacre de palestinos e basta da cumplicidade silenciosa do governo Meloni”, enfatizou. Em seu discurso, Elly Schlein reiterou seu apoio ao reconhecimento do Estado palestino e acusou o governo italiano – liderado pela presidente do Partido Conservador e Reformista Europeu – de descumprir seu dever moral e político de condenar o banho de sangue em curso.
O presidente do Movimento 5 Estrelas, Giuseppe Conte, recordou que “a San Giovanni é uma praça da humanidade, de quem se nega a permitir que se pisoteie o direito internacional”. “Hoje, o governo gagueja, enquanto há meses ignora o massacre em curso em Gaza. Não toleramos isso. Dezenas de milhares de vítimas palestinas não podem ser consideradas um efeito colateral, isso é inaceitável. É cumplicidade”, denunciou. Conte também resgatou o simbolismo e a importância política do local: “Esta é a Itália que não se cala, que rejeita a hipocrisia e que não quer ser arrastada para a vergonha histórica”.
“FIM DO ACORDO DA UNIÃO EUROPEIA COM ISRAEL”
“Esta é a Itália no seu melhor”, defendeu Nicola Fratoianni, da Aliança de Esquerda Verde, “que exige o reconhecimento do Estado palestino, o fim do acordo da União Europeia com Israel e sanções contra aqueles que violam sistematicamente o direito internacional”. Fratoianni foi enfático ao repudiar a política de “deportação e limpeza étnica” e exigiu intervenção imediata da comunidade internacional: “Precisamos pôr fim ao massacre que estamos testemunhando em Gaza”.
A voz judaica do jornalista, escritor e apresentador de TV italiano, Gad Lerner, também resgatou a importância de caminhar unidos com o sentimento da humanidade, que é o da existência de dois Estados. “Nós, os judeus italianos que estamos aqui, também estamos fazendo isso para defender Israel de si mesmo. Netanyahu está abusando da memória do Holocausto para justificar uma guerra criminosa”, explicou Lerner, condenando o fanatismo do governo de Netanyahu.