
“Não podemos permitir que uma Corte usurpada tenha o poder de proibir líderes políticos na Argentina”, afirmou o secretário-geral da Associação dos Trabalhadores do Estado (ATE), convocando greve de 24 horas nesta quarta-feira
Em resposta às ações ilegais do Supremo Tribunal Federal (STF) de prescrever a candidatura da principal liderença oposicionista, a ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner, a Associação dos Trabalhadores Estaduais (ATE) decidiu realizar uma paralisação de 24 horas na próxima quarta-feira (18).
“Devemos entrar em greve e nos mobilizar para deter uma casta judicial que, atendendo aos interesses econômicos de minorias privilegiadas em nosso país, decidiu acabar com a democracia. Não podemos permitir que uma Corte usurpada tenha o poder de proibir líderes políticos na Argentina”, afirmou o secretário-geral da ATE, Rodolfo Aguiar.
Na avaliação do dirigente, “neste momento, não é apenas a decisão do Tribunal que está destruindo a paz social, mas também um governo que perdeu toda a legitimidade”. “Não podemos mais tolerar um presidente que age fora da lei e contra a Constituição Nacional”, acrescentou.
De acordo com a entidade durante todo o dia de protesto, será garantido tão somente o efetivo mínimo nos hospitais, com atendimento de emergência nos centros de atendimento a crianças, adolescentes e idosos. A greve faz parte da convocatória lançada pela Central de Trabalhadores da Argentina Autônoma (CTA-A).
Desde a última terça-feira, dia do anúncio oficial da decisão judicial, quando a Corte Suprema ratificou uma sentença emitida em dezembro de 2022 pela 2ª Vara Federal de Buenos Aires e estabeleceu uma pena de seis anos de prisão, além da impossibilidade de concorrer a cargos públicos.
Na oportunidade o ATE havia declarado “Estado de Assembleia e Mobilização Permanente”. “Não podemos ter uma democracia saudável se a separação de poderes for turva, candidatos forem proibidos e as decisões judiciais forem orquestradas em conjunto com a mídia de massa”, reiteram os servidores, recordando a escandalosa reunião de outubro de 2022 entre juízes e promotores federais ligados ao caso, com autoridades da Cidade Autônoma de Buenos Aires e CEOs de veículos de comunicação, na mansão do magnata britânico Joe Lewis, em Lago Escondido.
Na linha de frente do peronismo em defesa da democracia e da soberania, o Instituo Pátria ressalta que “a mobilização popular é a única ferramenta disponível neste momento para garantir que Cristina seja transferida do Tribunal diretamente para a sua residência, na Avenida da Constituição, garantindo o restabelecimento dos seus direitos políticos”.
A convocatória também reforça que, para que a marcha tenha o efeito esperado, será necessária a mais ampla mobilização de forças nas ruas, razão pela qual estão sendo organizadas caravanas de diferentes regiões do país em direção a Buenos Aires.
Conforme o Página12, as organizações peronistas transformaram a sede do Partido Justicialista (PJ), numa grande caixa de ressonância dos valores nacionalistas em Buenos Aires. Desde a condenação da ex-presidente, milhares de apoiadores vêm realizando vigílias na expectativa de que Cristina apareça na varanda para saudar a luta.
“Ela está bem, ciente de tudo, em diálogo contínuo com seus advogados. Não há melhor defensor do que ela mesma”, destacam seus apoiadores.
A partir deste dia 17, Cristina Kirchner começa a cumprir prisão domiciliar.