
Em entrevista ao pocast “Mano a Mano”, presidente defendeu o combate à desinformação e ao discurso de ódio fascista disseminados pelas big techs
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, no podcast “Mano a Mano”, apresentado pelo rapper Mano Brown e pela jornalista Semayat Oliveira, que o país tem que impedir que a internet brasileira se transforme numa terra sem lei.
“Se não regularmos [as plataformas], estamos vulneráveis”, afirmou, defendendo um novo marco regulatório para combater a desinformação e o discurso de ódio fascista. O episódio foi publicado na madrugada desta quinta-feira (19) no Spotify.
O presidente disse que pretende disputar as eleições do ano que vem para derrotar a extrema-direita. Ele criticou duramente o que chamou de “destruição proposital” promovida pelo governo anterior. “De vez em quando eu olho para a destruição na Faixa de Gaza e fico imaginando o Brasil que encontramos. Não temos [tínhamos] mais Ministério do Trabalho, de Igualdade Racial, de Direitos Humanos, de Cultura. Foi uma destruição proposital”, afirmou.
Ao falar sobre as prioridades do governo, o presidente anunciou que deve lançar, ainda neste mês, uma linha de crédito para reforma de moradias e outra para a compra de motos elétricas por entregadores de aplicativos. Prometeu ainda, até o fim do ano, incluir o gás de cozinha na cesta básica, o que permitiria, segundo ele, fornecer o produto gratuitamente a cerca de 17 milhões de famílias brasileiras.
Lula minimizou as pesquisas desfavoráveis sobre sua gestão. “Eu sempre acho que pesquisa é uma fotografia do momento”, afirmou Lula, ao comentar os números desfavoráveis. “Até o segundo semestre deste ano, eu dizia para as pessoas: não há por que ainda terem a afirmação de que o governo está indo muito bem, porque a gente não está entregando as coisas que nós temos que entregar. Este é o ano da colheita. Nós vamos entregar”.
Ele reconheceu dificuldades na implementação de suas propostas e disse que a correlação de forças no país não é boa. “Para que as pessoas compreendam, eu elegi 70 deputados do meu partido. O Congresso Nacional tem 513 deputados. É só analisar para saber que preciso fazer composições políticas para governar o país, senão não consigo”, explicou, em resposta a uma pergunta da jornalista Semayat Oliveira.
O presidente admitiu que os escândalos do INSS contribuíram para a queda de sua popularidade, apontada por pesquisas recentes, e disse que os aposentados prejudicados serão ressarcidos. O anúncio foi feito na quarta-feira (18) durante transmissão ao vivo com o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, e o presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Gilberto Waller Júnior. Segundo a Agência Gov, cerca de 3,2 milhões de beneficiários já declararam não reconhecer os descontos aplicados.
“O pagamento será feito ainda neste ano, de forma muito simplificada”, afirmou Messias. “Todos serão ressarcidos igualmente no mesmo período. Não terá lista de priorização”, reforçou. Já Gilberto Waller detalhou que o calendário será organizado em lotes quinzenais: “Em um único mês, dois lotes de beneficiários serão pagos”.
No podcast, Lula defendeu a proposta do Ministério da Fazenda de elevar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para setores altamente lucrativos da economia. “O IOF do [Fernando] Haddad não tem nada demais”, afirmou o presidente, destacando que a ideia central da proposta é fazer justiça fiscal.
De acordo com Lula, há setores, como as apostas eletrônicas e as fintechs (empresas que usam tecnologia para oferecer serviços financeiros), que obtêm grandes lucros, mas pagam pouco imposto. “As bets pagam 12%, nós queremos que paguem 18%. Eles ganham bilhões e bilhões. Não querem pagar. As fintechs, hoje, são quase que uns bancos, não querem pagar. Então essa briga nós temos que fazer, gente, não dá para a gente ceder toda hora”, declarou.