
Coronel do Exército é acusado de acessar informações sigilosas da colaboração premiada de Mauro Cid. Defesa afirma que vai pedir revogação imediata da decisão
O STF (Supremo Tribunal Federal) manteve, na última quinta-feira (19), a prisão preventiva do coronel da reserva do Exército, Marcelo Costa Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A decisão foi tomada após audiência de custódia realizada para avaliar as condições da detenção do militar.
Câmara foi preso, na última quarta-feira (18), em Sobradinho (DF), por ordem do ministro Alexandre de Moraes, que apontou tentativa de o coronel e do advogado dele, Eduardo Kuntz, acessar informações sigilosas da colaboração premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
A delação está no centro das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022.
VIOLAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES
Segundo Moraes, Câmara violou medidas cautelares ao manter contato indireto com outros investigados e ao utilizar redes sociais, condutas que haviam sido expressamente proibidas.
O ministro afirmou que tais ações demonstram “completo desprezo” pelo STF e representam risco à investigação, o que, segundo Moraes, justifica a prisão preventiva do coronel.
Na mesma decisão, Moraes também determinou a abertura de inquérito contra Câmara e Kuntz. A PF (Polícia Federal) deverá ouvi-los, com Mauro Cid, nos próximos 15 dias.
De acordo com a defesa de Câmara, será apresentado recurso na próxima segunda-feira (23), a fim de contestar a legalidade da prisão e pedir a revogação imediata.
IMPLICAÇÕES DO ADVOGADO
O advogado de Kuntz, Renato Marques Martins, classificou a decisão de Moraes como “abusiva” e afirmou que o cliente apenas buscou esclarecer se a delação de Cid foi espontânea.
Moraes observou que Kuntz teve “conversas realizadas pelo Instagram e por meio de contatos pessoais na Sociedade Hípica de Brasília” no período em que Câmara estava preso.
O próprio advogado disse ao Supremo que teria falado com Cid, por meio de perfil que seria da mulher do delator, que estava proibido de usar as redes sociais. As conversas foram publicadas pela revista Veja.