
Assim que tomou conhecimento do ataque ordenado por Trump contra centrais nucleares do Irã, o secretário geral da ONU, Antonio Guterres, condenou a agressão e alertou: “Há um grave risco de que este conflito saia do controle com catastróficas consequências para civis, para a região e o mundo”.
“Nesta hora perigosa, é crítico evitar uma espiral do caos”, acrescentou o secretário-geral da ONU.
Ao condenar diretamente o ataque de Trump ao Irã, Guterres enfatiza: “Estou gravemente alarmado pelo uso da força pelos Estados Unidos contra o Irã, hoje. Esta é uma perigosa escalada em uma região já no limite e uma direta ameaça à segurança e à paz mundial”.
Enquanto isso, Trump se manifesta na direção oposta vangloriando-se do criminoso bombardeio às usinas nucleares iranianas de Fordow, Natanz e Isfahan, como “sucesso espetacular” e, em pronunciamento incongruente, faz ameaças ao Irã: “Paz ou tragédia”. Quando o Irã acabara de enviar a Genebra para conversas com líderes da França, Alemanha e Inglaterra o seu ministro do Exterior, Abbas Araqchi, que se disse disposto a negociar direto com os EUA, exigindo apenas que Israel parasse de bombardear o país. E fora Israel que desencadeou a guerra com um ataque não provocado no dia 13.
Os ataques dos EUA a três instalações nucleares no Irã na madrugada deste domingo (22), representam “um ato bárbaro baseado na ‘lei da selva’ e violam o direito internacional”, denunciou a Organização de Energia Atômica do Irã. A agência iraniana lembrou que as instalações visadas (Fordo, Isfahan e Natanz) estão sob a supervisão contínua, com base no Acordo de Salvaguardas e no Tratado de Não Proliferação Nuclear.
“O Irã esperava um ataque a Fordo há várias noites. O local foi evacuado há algum tempo e não sofreu danos irreparáveis no ataque. Duas coisas são certas: primeiro, o conhecimento não pode ser bombardeado e, segundo, desta vez o apostador perderá”, revelou Mehdi Mohammadi, conselheiro estratégico do presidente do Parlamento iraniano.
“EUA entra na guerra contra o Irã”, estampou na manchete o jornal The New York Times. Apesar de o próprio Trump considerar “excelente” tal violação da lei internacional, o NYT mostrou-se cabreiro, acrescentando um título premonitório: “Com ataque militar que seus antecessores evitaram, Trump faz uma grande aposta“.
Além de violar a lei internacional, a agressão cometida por Trump também viola a lei norte-americana, já que só o Congresso pode declarar guerra.
É importante lembrar que foi Trump que, no seu primeiro mandato, rompeu o acordo de 2015 com o Irã – negociado por seu antecessor Obama e respaldado pelo Conselho de Segurança da ONU, o JCPOA, de troca do fim das sanções pelo mais rígido regime de fiscalização da história do AIEA -, e redobrou as sanções a ponto de tentar proibir a exportação de petróleo, gerando a crise que agora diz que resolverá com bombas de 13 toneladas.
Outro aspecto a ser visto é como a população norte-americana vai reagir ao estelionato eleitoral. Na campanha, Trump prometia acabar com “as guerras eternas” dos EUA no Oriente Médio, depois do fracasso no Iraque e no Afeganistão.
Em mais um passo na sua insanidade, o genocida Netanyahu disse que o ataque ordenado por Trump “vai mudar a história”, enquanto começam a chover manifestações de lideranças em todo o mundo contra a agressão estadunidense e o dia promete protestos por todo o mundo.
Matéria do jornal iraniano Tehran Times, que questiona “Quantos caixões Trump enviará para casa pelo bem de Israel?”, informa que há pelo menos 50.000 militares e funcionários norte-americanos ao alcance imediato dos mísseis e drones do Irã.
“Aproximadamente 50.000 funcionários americanos estão destacados na região sob o comando do Pentágono, e os EUA investiram bilhões de dólares em suas 19 bases na Ásia Ocidental, incluindo Iraque, Bahrein, Kuwait, Catar e Emirados Árabes Unidos”, alerta a matéria.
Também cita Esmail Kowsari, membro do parlamento do Irã e ex-comandante do Corpo da Guarda da Revolução Islâmica (IRGC), declarando recentemente que o fechamento da via, no Golfo Pérsico, por onde passa perto da metade do petróleo do mundo, “está sendo considerado” e que o Irã “tomará a melhor decisão com determinação”.