
Para a federação empresarial, candidatos à Casa parlamentar devem ter “raízes no Estado”
Os planos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do filho vereador na cidade do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PL), de se candidatar ao Senado por Santa Catarina não foram bem aceitos por setores do empresariado industrial do Estado.
Por meio de nota, a Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina) escreveu que não precisa “importar” candidatos de outros Estados e que o aspirante ao Senado deve estar ligado aos interesses catarinenses.
“Santa Catarina tem lideranças políticas preparadas e legítimas para representá-la no Congresso Nacional. A indústria catarinense defende que a voz do Estado em Brasília deve ser constituída com base no mérito, no diálogo com a sociedade e na profunda conexão com os catarinenses — e não por imposições externas” —, apontou a Fiesc, por meio de nota.
A Federação também escreveu que, para manter o interesse industrial no Estado, que possui um dos maiores polos do setor no Brasil, os nomes para possível vaga no Senado devem ter “raízes no Estado”.
‘AUTONOMIA POLÍTICA DO ESTADO’
“Nossos congressistas devem estar ligados ao setor produtivo e à população catarinense, para defender com legitimidade e conhecimento de causa os nossos interesses”, escreveu a Federação.
“A Fiesc valoriza a autonomia política do Estado, as lideranças locais e o respeito à trajetória de um Estado que nunca se curvou a projetos alheios à sua realidade”.
A ideia de Carlos Bolsonaro era aproveitar o recall eleitoral em Santa Catarina, Estado onde o pai dele obteve 69,27% dos votos válidos no segundo turno nas eleições de 2022, contra 30,73% de Lula.
Vereador mais votado da capital fluminense na eleição municipal de 2024, com 130.480 votos, Carlos não terá espaço para a disputa das 2 vagas ao Senado pelo Rio.
VAGAS DEFINIDAS NO RIO
Três nomes do PL buscam a indicação do partido para as 2 vagas na corrida ao Senado. Enquanto Flávio Bolsonaro (PL-RJ) deverá ser candidato à reeleição, o governador Cláudio Castro (PL) e o senador Carlos Portinho (PL-RJ) deverão disputar a outra vaga do partido nas eleições.
Carlos não será o primeiro membro da família Bolsonaro a entrar para a política catarinense.
O irmão mais novo, Jair Renan Bolsonaro, foi o vereador mais votado em Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina. Ele se candidatou ao cargo utilizando como nome de urna “Jair Bolsonaro”.
Jair Renan tem mandato precário, sem propostas, que segue os rumos do pai e dos irmãos. Cheio de preconceitos na cabeça e discurso do chamado “pânico moral”, como pano de fundo de mandato sem pé nem cabeça.
ESTRATÉGIA BOLSONARISTA
O bolsonarismo está ávido pelo Senado Federal. Esta é a cobiça dos Bolsonaros, fazer maioria na Casa, com propósito de tentar emparedá-la para encurralar a nação e o STF (Supremo Tribunal Federal), com impedimento dos magistrados da Corte Suprema.
Nas eleições de 2026, os 26 Estados mais o Distrito Federal, poderão eleger cada qual 2 candidatos ao Senado. Estão, portanto, em disputa no próximo pleito, 54 cadeiras.
Por isso, mais que a Presidência da República, a estratégia bolsonarista é ganhar o Senado, a fim de tentar se impor ao STF.