
Dezenas de milhares de pessoas foram à Praça dos Reféns em Tel Aviv, Israel, neste sábado (28), para exigir o fim da guerra na Faixa de Gaza e cobrar que o governo de Netanyahu se concentre em devolver os reféns às suas famílias em vez de priorizar a continuação dos bombardeios no enclave palestino.
Os protestos pelos reféns, que se repetem nas principais cidades israelenses, foram interrompidos durante três semanas, devido à guerra com o Irã. Os manifestantes exigem um acordo que permita a libertação dos 49 israelenses ainda detidos nos territórios palestinos desde outubro de 2023.
A manifestação começou cedo do lado de fora do Ministério da Defesa de Israel, afirmando que o acordo na mesa de negociações, que todas as partes, exceto o governo atual, concordaram em assinar, deve ser firmado antes que o próprio bombardeio do exército ou a deterioração da saúde causem a morte dos reféns vivos.
“Se vivêssemos em um país onde os líderes se lembrassem de que trabalham para nós, a guerra em Gaza teria terminado há muito tempo”, afirmou Einav Zangauker, mãe do soldado israelense Matan Zangauker. “Se fosse assim, as autoridades eleitas não virariam as costas às famílias dos reféns e assinariam o cessar-fogo e o acordo de troca de prisioneiros que os palestinos já aceitaram”, considerou, acrescentando que eles vivem em um país onde “consideraçõe políticas e econômicas prevalecem sobre os valores humanos, onde a verdade é enterrada com os mortos”, concluiu.
GOVERNO NÃO CUMPRE “SUA OBRIGAÇÃO MORAL”
Liri Albag, um soldado libertado no último cessar-fogo com os militares palestinos, lamentou publicamente que a guerra de Israel contra o Irã tenha desviado a atenção dos 49 militares mantidos em cativeiro em Gaza.
Dirigindo-se a Netanyahu , ele pediu a decisão de encerrar as operações no enclave palestino sem acordos parciais, a fim de devolver todos os reféns de uma só vez, chamando isso de “obrigação moral” que o governo não cumpre.
Esta é a primeira manifestação pública no local em três semanas, já que os corriqueiros protestos foram cancelados devido à guerra que Israel iniciou contra o Irã, o que levou a nação persa a responder com a Operação Promesa Verdadera III (True Promise III), através da qual os iranianos expuseram as vulnerabilidades do sistema de defesa antiaérea Domo de Ferro e atingiram pontos-chave do regime israelense nos territórios palestinos ocupados, como o porto de Haifa.
“BIBI” TENTA FUGIR DE PROCESSOS POR FRAUDE E PROPINA
Cidadãos israelenses acusam Netanyahu de prolongar indefinidamente a guerra em Gaza e, assim, condenar as vidas de seus soldados, lembrando que Netanyahu tem usado as operações do exército em Gaza não apenas para avançar os planos de extermínio do povo palestino, como parte do projeto colonial israelense iniciado em 1948 com a Nakba, mas também as tem usado como meio de escapar de processos judiciais nos quais está implicado e que podem lhe custar o cargo e mandá-lo para a prisão.
Há alguns dias, ele solicitou um recesso de duas semanas no julgamento que enfrenta desde 2020 por fraude, quebra de confiança e aceitação de propina, sob o pretexto de atender a “importantes questões diplomáticas, nacionais e de segurança, incluindo a gestão contra a Faixa de Gaza e a crise dos reféns”, que os protestos de sábado expõem como mais uma mentira do governo que apoiou a administração genocida de Netanyahu.
E a pressão teve um primeiro desdobramento. Um tribunal em Jerusalém decidiu, neste domingo (29), adiar os depoimentos do primeiro-ministro que seriam realizadas na próxima semana, em 30 de junho e 2 de julho, aceitando o argumento dos advogados de que Netanyahu precisa se concentrar em questões de segurança nacional.