
O presidente reafirmou que o país não precisa ficar subordinado ao dólar. “Já negociamos assim com a Argentina”, destacou o chefe do Executivo brasileiro
O presidente Lula afirmou neste domingo (03), no 17º Encontro Nacional do PT, em Brasília, que o seu governo não vai abrir mão de negociar com outras moedas além do dólar, como já fez com a Argentina no passado. Ele destacou que o Brasil não é mais tão dependente dos Estados Unidos.
“Eu não vou abrir mão de achar que a gente precisa procurar construir uma moeda alternativa para que a gente possa negociar com os outros países, eu não preciso ficar subordinado ao dólar. E eu não estou falando isso agora não, em 2004, nós fizemos isso com a Argentina”, disse o presidente, dirigindo-se aos dirigentes de seu partido.
“Eu também não vou esquecer que eles já deram golpe aqui, ajudaram a dar golpe. Mas o que eu quero saber é daqui para frente o que eu faço? E daqui para frente eles têm saber que nós temos o que negociar. Nós temos tamanho, temos postura, temos interesses econômicos e políticos para negociar”, acrescentou Lula.
O presidente da República destacou que o país exige respeito. “Nós queremos ser respeitados pelo nosso tamanho. Nós temos interesses econômicos, estratégicos, nós queremos crescer e nós não somos uma republiqueta. Tentar colocar um assunto político para nos taxar economicamente é inaceitável”, afirmou.
Ele reafirmou que seu governo vai proteger as empresas afetadas pelo tarifaço unilateral de Trump contra o Brasil e vai defender os empregos dos brasileiros. Lula destacou que as negociações continuam abertas. “As propostas estão na mesa”, disse ele.
Em outro momento do discurso, o presidente afirmou que evita fazer críticas mais duras ao presidente dos Estados Unidos por questões estratégicas. Segundo ele, é preciso ter cautela nas relações com o governo norte-americano.
“Nessa briga que a gente está fazendo agora com a taxação dos Estados Unidos, eu tenho um limite de briga com o governo norte-americano. Eu não posso falar tudo o que acho que devo falar. Eu tenho que falar o que é possível falar”, declarou o presidente Lula aos participantes do encontro do PT.
Ao encerrar sua fala, Lula citou uma frase do cantor e compositor Chico Buarque sobre seu governo para reforçar a sua política externa: “Eu gosto do PT porque ele não fala fino com os Estados Unidos nem grosso com a Bolívia […] Essa é a lógica da política: a gente fala em igualdade de condições com todos”, disse o cantor, citado pelo presidente.