A deputada Manuela D’Ávila (PCdoB), candidata a vice-presidente na chapa de Fernando Haddad, afirmou, em entrevista ao jornal ‘O Globo’, na sexta-feira passada, que era preciso ser criada uma frente mais ampla no país. Selecionamos alguns dos principais trechos da entrevista, entre os quais esta importante avaliação política, feita por ela, e que nós já destacamos acima: “Avalio que a frente ampla deveria ter sido construída”, disse a deputada.
“Há bastante tempo eu dizia que o Bolsonaro era um candidato bastante forte. Quando tu faz essa avaliação, é mais fácil tirar as consequências dela. Se tu acha que esse cenário não é o mais provável, é mais fácil cometer o erro de lançar candidatura e achar que a unidade não é algo tão importante”, prosseguiu.
“Os partidos têm as suas posições, que não são incorretas, são as que melhor representam o conjunto da sua militância, mas não tinham a avaliação exata do perigo que representava o adversário. Vários partidos subestimaram a hipótese de o Bolsonaro ir para o segundo turno”, observou Manuela. “Fiz o que estava ao meu alcance para isso”, acrescentou.
Contrariando setores do PT que creditaram a derrota à ausência de Ciro Gomes no segundo turno, Manuela reiterou que sua opinião é de que “Ciro não contribuiu para nossa derrota”. “O Ciro teve uma participação brilhante no primeiro turno e ele foi quem viabilizou também, com seu elevado percentual de votos, o segundo turno”, avaliou.
Para Manuela “um outro erro geral foi subestimar o esquema de difusão de mensagens falsas pela internet e o incremento do uso do WhatsApp. Foi um erro não imaginar que esse mecanismo teria um impacto tão intenso na sociedade. Havia a ideia de que as eleições seriam como todas de 1989 para cá”.
“Especialmente na comunicação, que era o formato de grandes partidos, tempo de TV e campanha de rua. Teve quem apostou em TV e partidos, e quem apostou em rua e Internet”, acrescentou.
“O Ciro teve uma internet exemplar. Teve pouquíssimo tempo de TV, mas, mesmo assim, conseguia reverberar suas ideias. Ele não tinha essa guerrilha do submundo, da baixaria, dos milhões de reais que financiam os boatos”, completou Manuela D´Ávila.