“Davam uma chave-de-braço e jogavam nossa cara no chão”, conta cineasta sequestrado

O documentarista Miguel Viveiros (Foto: Reprodução - Instagram)

O cineasta brasileiro Miguel Viveiros de Castro, que participou da Flotilha Global Sumud, relatou que Israel agrediu com uma “chave-de-braço” e outros golpes os ativistas que estavam levando ajuda humanitária para a Faixa de Gaza.

Os barcos da Flotilha Global Sumud foram assaltados pelas hordas israelenses em águas internacionais e as tripulações foram sequestradas e levadas inicialmente para o porto de Ashdod, em Israel. Miguel foi deportado para a Jordânia nesta terça-feira (7) junto com outros brasileiros.

“Eles davam uma chave-de-braço bem forte, jogavam nossa cara no chão e nos levavam praticamente arrastados para uma parte de concreto, onde a gente ficou muitas horas”, relatou Miguel Viveiros.

O cineasta contou que os prisioneiros foram mantidos sob o sol e tiveram seus pertences jogados fora. Além disso, Israel os obrigou a assistir a vídeos com pessoas mortas. “Dava pra dizer que a gente era uma espécie de prisioneiro VIP dentro de um campo de concentração”, relatou Miguel.

Veja aqui vídeo de Miguel Viveiros:

https://www.instagram.com/p/DPhUC_3kZXw

“DESAPARECIDO”

Segundo o portal g1, entre a noite de quarta-feira e a madrugada de sexta, Miguel não fez contato com a família. A coordenação da flotilha afirmava que o veleiro Catalina não estava em nenhuma das listas oficiais de embarcações interceptadas e que ele era considerado “possivelmente detido”. Em comunicado, os familiares rejeitaram o termo ‘possivelmente’.

“Não aceitaremos a palavra ‘possivelmente’. Não aceitaremos a neutralidade cúmplice. Exigimos ação, denúncia e verdade”. “A incerteza é devastadora. É uma forma de sofrimento que destrói por dentro, que impede a família de respirar, que torna cada minuto uma tortura”, afirmaram os familiares.

Porém, um novo comunicado divulgado pela ‘Global Sumud Flotilla’ na sexta-feira (3), confirmou que Miguel e João Aguiar, o outro brasileiro que estava desaparecido, foram confirmados como detidos pelo governo israelense.

A nota da família citava que havia 15 brasileiros a flotilha, e que 13 apareciam como sequestrados. “Dois não apareceram, e Miguel era um deles”, dizia o texto. Mas numa atualização posterior divulgada pela coordenação da missão dava conta de que eram 14 brasileiros.

De acordo com o grupo, os dois estavam presos com outros integrantes da flotilha.

João estava a bordo do veleiro Mikeno, uma das embarcações assaltadas pelos criminosos israelenses na noite de 2 de outubro. O sistema de monitoramento indicou que o Mikeno permaneceu por um longo período dentro das águas territoriais palestinas, mas os participantes perderam contato com a embarcação após um ataque com jatos de água, que danificaram as câmeras e interromperam as comunicações.

Já o veleiro Catalina, onde estava Miguel, também ficou sem contato com os outros barcos e por isso foi dado como desaparecido. João e Miguel foram levados para o porto de Ashdod, em Israel, onde ficaram aprisionados e enfrentaram as agressões e humilhações.

LUIZIANNE

A deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), que também participou da missão, contou que Israel cometeu “muitas violações” e agiu com “muita truculência” nas prisões de pessoas que, pacificamente, levavam alimentos para os palestinos.

“Nós fomos, na verdade, sequestrados pelo Exército israelense, porque não estávamos em águas israelenses, estávamos chegando a Gaza”, contou.

Houve “todo tipo de violação. Eu cheguei [ao porto] sem nenhuma mala, sem nenhuma bolsa, porque eles levaram tudo”.

Em suas redes sociais, Luizianne enfatizou que “toda a dificuldade que passamos nesses dias, não tem nada comparado com os mais de 10 mil palestinos presos, dentre eles 400 crianças, e com a situação que Gaza vive hoje com o terrorismo de Israel”.

Os brasileiros presos por Israel foram libertados na terça-feira (7), tendo sido deixados na fronteira com a Jordânia. A Embaixada do Brasil na Jordânia recebeu os brasileiros com apoio médico e assistência consular.

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