“Não é conversa de bar, mensagens mostram eles tentando golpe”, afirma Moraes

Julgamento na Primeira Turma do STF (Foto: Rosinei Coutinho - STF)

Ministro do STF em seu voto pede a condenação dos réus do Núcleo 4. Ele aponta a existência de organização criminosa liderada por Bolsonaro e milícia digital dedicada à desinformação

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, relator da ação penal sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, iniciou nesta terça-feira (21) a leitura do seu voto no julgamento do Núcleo 4 da trama golpista, grupo acusado de disseminar desinformação e atacar instituições após as eleições de 2022.

Logo na abertura, Moraes foi categórico: “Não há dúvidas de que houve tentativa de golpe e de abolição do Estado Democrático de Direito”, afirmou.

Segundo o ministro, as provas reunidas demonstram a atuação de uma organização criminosa, estruturada e hierarquizada, que teria funcionado de julho de 2021 até janeiro de 2023 sob a liderança do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O grupo teria provocado danos ao patrimônio público e atentado contra a democracia.

PAPEL DA “MILÍCIA DIGITAL”

Moraes também destacou o papel da “milícia digital”, formada por integrantes do núcleo, responsável por espalhar mentiras sobre o sistema eleitoral e fomentar ataques às autoridades.

O subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, reforçou a tese durante a manifestação.

Ao citar conversas e mensagens apreendidas, Moraes enfatizou a gravidade das provas: “Não são mensagens de um integrante do PCC, não é conversa de bar, não é meu querido diário”.

O julgamento prossegue na Primeira Turma do STF, com os votos dos demais ministros previstos para depois da conclusão do voto do relator. A sessão vai até às 12 horas e retoma à tarde, a partir das 14 horas e vai até às 19 horas.

CONTEXTO DO “NÚCLEO 4”

O chamado “núcleo 4” da trama golpista é focado na atuação de milícia digital responsável por disseminar desinformação e ataques contra o sistema eleitoral.

Os 7 réus deste núcleo são acusados de crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio público.

São eles:

·                   Ailton Gonçalves Moraes Barros – major da reserva do Exército;

·                   Ângelo Martins Denicoli – major da reserva do Exército;

·                   Giancarlo Gomes Rodrigues – subtenente do Exército;

·                   Guilherme Marques de Almeida – tenente-coronel do Exército;

·                   Reginaldo Vieira de Abreu – coronel do Exército;

·                   Marcelo Araújo Bormevet – policial federal; e

·                   Carlos Cesar Moretzsohn Rocha – presidente do IVL (Instituto Voto Legal).

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