
O novo governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), assumiu o governo fazendo críticas à “visão exclusivamente fiscalista” do seu antecessor, Paulo Hartung (ex-MDB, sem partido).
“As opções feitas pelo governo que se encerra custaram um preço alto no campo social e econômico, um preço desnecessário, consequência de um governo conservador, adotado como norte para a gestão”, afirmou Casagrande em sua posse.
“Há quatro anos, quando concluí meu primeiro mandato [2011 a 2015], entreguei ao meu sucessor um Estado equilibrado, classificado com nota “A” pela Secretaria do Tesouro Nacional. Hoje recebo o Estado mantendo essa classificação, mas enfrenta enormes carências em áreas sociais, como segurança, saúde, educação e infraestrutura”, continuou.
Casagrande listou as áreas abandonadas pelo governo de Hartung. “Investimentos na nossa malha rodoviária foram suspensos, mesmo quando já contavam com projetos executivos e financiamentos. Centros de Especialidades Regionais, em vias de conclusão, permaneceram fechados, enquanto a população sofria sem atendimento. E programas como o Estado Presente, Patrulha da Comunidade, que somavam excelentes resultados, foram simplesmente deixados de lado”, lamentou.
“Por questões meramente políticas, programas fundamentais para a melhoria das condições de vida das famílias capixabas foram reduzidos ou abandonados. Em todo Estado, dezenas de obras tiveram a conclusão adiada ou continuam interrompidas”, afirmou Casagrande.
“São apenas exemplos de ações e políticas que sucumbiram à visão exclusivamente fiscalista que orientou o governo passado. E foi para mudar esse foco, esse modelo de gestão, que os capixabas se manifestaram nas urnas”.
“Fomos eleitos para resgatar os projetos de mobilidade metropolitana, que passaram anos mofando nas gavetas, para concluir as obras iniciadas, que estão se deteriorando por abandono, para trazer de volta uma gestão democrática, humanista, inovadora”, concluiu.
O governo de ajuste fiscal de Paulo Hartung promoveu um arrocho inédito no serviço público capixaba. Em 3 de fevereiro de 2017 aconteceu uma paralisação da Polícia Militar contra o aviltamento dos seus salários. O movimento começou com esposas e familiares de PMs acampando em frente aos quartéis, impedindo a saída de viaturas.
Após o fim do movimento, o governo de Hartung começou a perseguir e punir PMs. Durante a campanha eleitoral, Casagrande admitiu rever as punições. “Vamos avaliar um a um, e aqueles em que for comprovada perseguição política, o Estado vai ter que tomar uma decisão”, afirmou.
Casagrande criticou o fiscalismo de Hartung, mas apesar disso declarou que “é certo que vivemos uma realidade diferente daquela da maioria dos nossos vizinhos da federação. Graças à responsabilidade com que foi conduzido o campo fiscal nos últimos oito anos, o Estado conseguiu atravessar a crise sem sucumbir às dívidas com fornecedores e servidores”.