A Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) divulgou uma nota em que pede a rápida apuração dos fatos que levaram ao rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), na última sexta-feira (25), e pede a punições aos responsáveis.
“Apesar do momento de grande consternação e de solidariedade, não podemos deixar de denunciar que o ocorrido já era uma tragédia anunciada em grande parte decorrente do atual modelo de mineração, com empresas privatizadas e multinacionais que visam apenas o lucro a qualquer custo, mesmo que estes custos sejam humanos e/ou ambientais”, diz a nota publicada no sábado.
A entidade lembra que o desastre ocorrido em Brumadinho tem dimensões maiores do que a tragédia da barragem de rejeitos do Fundão, em Mariana (120 quilômetros de Brumadinho) há 3 anos, que deixou um rastro de lama de rejeitos tóxicos por onde passou e deixou 19 mortos.
“Assim como aconteceu há três anos na tragédia de Mariana (MG), o rastro de dejetos ceifou muitas vidas de trabalhadores e moradores da comunidade e corre para os rios locais, em especial o Rio Paraopeba, contaminando e podendo impossibilitar a coleta de água em grande parte da sua bacia e da bacia do Vale do Rio São Francisco, responsável pelo abastecimento das famílias de cerca de 50 municípios. O que torna essa tragédia ainda maior”.
A FNU afirma também que a lógica de mercado não pode ser aplicada à segurança de instalações estratégicas do país e lembra que a lógica da administração privada é avessa à função social e ambiental das empresas estratégicas.
“A promessa do atual governo federal de privatizar empresas estratégicas, como as de energia elétrica, petróleo, gás, água e saneamento, se efetivada, com certeza poderá aumentar ocorrências trágicas coma a vivida pela população de Brumadinho e assim deve-se entender, por definitivo, que a lógica de mercado não pode ser aplicada à segurança de instalações estratégicas do país”.
A entidade continua afirmando que “a ganância do lucro peca no erro da negligência à segurança, à substituição de mão de obra especializada e ao sucateamento de equipamentos, entre tantos outros malefícios e irresponsabilidades. A lógica da gestão privada é avessa à função social e ambiental das empresas estratégicas”.