O governo russo condenou a atitude de países da União Europeia de tentar legitimar “um atentado de usurpação de poder” na Venezuela.
Dmitry Peskov, porta-voz do presidente Putin afirmou que apoiar o autoproclamado presidente interino Guaidó simplesmente torna um acordo “pacífico, efetivo e viável”, para saída da crise, mais difícil de ser alcançado.
A declaração russa aconteceu, dia 4, assim que países do bloco europeu anunciaram o reconhecimento de Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela.
“Impor decisões ou tentar legitimar um atentado de usurpação de poder, em nossa visão, é interferência, tanto direta quanto indireta, nos assuntos internos da Venezuela”, acrescentou Peskov, em coletiva em Moscou.
Nos últimos dias, França, Espanha, Alemanha, Inglaterra, estiveram entre os países europeus que anunciaram reconhecimento de Guaidó, alegando que haviam aguardado uma semana para que Maduro convocasse eleições para presidente.
A resposta de Maduro foi, no entanto, que não aceitaria ultimatos partindo de tais países, ou quaisquer outros, classificando também a atitude europeia (como já havia dito com relação ao Grupo de Lima e Estados Unidos) de ingerência inaceitável.
Maduro tem dito que aceita conversar com o oposicionista Guaidó, mas, ao mesmo tempo, diz que quer convocar eleições imediatas para o Legislativo, onde a maioria vencedora nas recentes eleições foi a oposição, enquanto que, para presidente, diz que as eleições serão como programado, isto é, 2025. Guaidó diz que não reconhece o atual governo e o impasse está mantido enquanto a crise econômica e política se agrava.
No mesmo dia, o ministro do Exterior russo, Sergei Lavrov apontou a contradição do comportamento dos países europeus, em seguirem a Casa Branca, aceitando a autoproclamação de Guaidó, ao tempo em que aceitam o convite formulado pelo México e Uruguai para um encontro internacional sobre a Venezuela a se realizar em Montevideo.
Outro fato que reduz a possibilidade de efetividade do encontro, é que nem Rússia e China por um lado, nem Estados Unidos, por outro, foram convidados.
A União Europeia não conseguiu formular uma declaração conjunta de apoio a Guaidó porque a Itália indicou que vetaria qualquer resolução neste sentido. Roma já havia afirmado antes que não apoiaria o dito presidente interino. A declaração de Guaidó se deu no dia 23 de janeiro e foi imediatamente seguida de apoio pelos Estados Unidos e ato contínuo pelo governo brasileiro.
Além disso, a Casa Branca ampliou sanções contra a Venezuela e declarou congelamento de ativos da petroleira venezuelana, a PDVSA, ao tempo em que repetem ameaças de agressão militar, na tentativa de, garroteando a economia do país, fazer o governo venezuelano ceder, ao que Maduro reagiu, dizendo a Trump que não “manche as mãos de sangue em um novo Vietnã”. No sábado uma multidão atendeu a uma manifestação com a participação de Maduro em defesa da soberania venezuelana. No mesmo dia, também em Caracas, ato em favor do oposicionista se estendeu em uma das avenidas da capital.