Paulo Guedes, o ministro da Economia de Bolsonaro, na quinta-feira (07/02), disse que “a única certeza que os sindicatos podem ter é que a vida não vai ser como antigamente, onde os líderes sindicais têm uma vida muito boa às custas dos trabalhadores que não têm empregos e nem benefícios previdenciários corretos”.
A especialidade de Guedes – pelo menos é a única coisa notável que fez na vida pública – é dar golpes, em especial sobre os fundos de pensão e aposentadorias das estatais.
Esse é o “segredo” de sua fortuna – além da especulação com informações privilegiadas sobre planos econômicos governamentais.
Pois é um sujeito desses, um parasita, a rigor, um vagabundo (passar os outros para trás não é trabalho, muito menos no mercado financeiro), que vem falar em líderes sindicais que “têm uma vida muito boa às custas dos trabalhadores”.
Evidentemente, o problema de Guedes não é com esses supostos líderes sindicais. Os que são assim, se é que existem, são os seus favoritos – pois são aqueles que aderem a qualquer porcaria contra os trabalhadores e contra o povo, contanto que venha de quem está no poder.
Guedes, portanto, está tentando difamar as verdadeiras lideranças sindicais dos trabalhadores, pois é daí que vem a oposição à sua política.
E qual é a sua política?
Deixar os trabalhadores sem emprego e sem direitos previdenciários ou trabalhistas (nas suas próprias palavras, na última quarta-feira: “novo regime trabalhista e previdenciário, não tem nada, se seu patrão fizer alguma besteira com você e te tratar mal, vai para a Justiça comum, é privado, privado, privado”).
Ele não tem outra política.
Portanto, está acusando os líderes sindicais por algo que ele, Guedes, está fazendo – ou pretende fazer (ou, ainda, por algo que ele fará, se os brasileiros deixarem).
Há poucos meses, quando foi comparado a Paulo Guedes, o economista Marcos Lisboa protestou: “No Nordeste, seria como chamar a mãe de leviana!”.
Lisboa, hoje diretor do Insper – o sucessor do antigo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC) -, é um ultra-neoliberal, que já foi executivo do Itaú Unibanco e secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda no governo Lula, fazendo dobradinha (cáspite!) com Henrique Meirelles, então presidente do Banco Central.
Mas, se é assim, o que Marcos Lisboa tem contra Guedes?
Provavelmente, o fato de Guedes ser um corrupto sem rodeios, com seus golpes na praça, assaltando fundos de pensão de estatais, sem nenhum verniz supostamente intelectual. A sofisticação de Guedes não é diferente daquela de qualquer vigarista, desses que vendem bilhetes de loteria “premiados” a incautos. Diferente é apenas a quantidade de dinheiro que ele ganha (por exemplo: “Posto Ipiranga” arrombou fundo dos funcionários do BNDES, MPF investiga economista de Bolsonaro por fraudes, Os negócios do corrupto guru econômico de Bolsonaro, Guru de Bolsonaro é investigado pelo MPF por fraude de R$ 1 bilhão em fundos de pensão e PF vai investigar fraude de Paulo Guedes com fundos de pensão).
Ou, talvez, além de aversão a essa grossura (é mais que grosseria), o motivo de Lisboa – assim como o de outros neoliberais que não querem se aproximar de Guedes, mais do que se aproximariam de um portador de Ebola – esteja no charlatanismo descarado, que, no guru de Bolsonaro, é pior que aquele do homem da cobra, que, em algumas cidades do Brasil, vendem remédios que curam absolutamente tudo, até que o sujeito morra, pois, para a morte, não há remédio…
É preciso, realmente, uma estupidez bolsonariana, para acreditar em algo do que diz Guedes.
Não é por acaso que somente com Bolsonaro ele arrumou um jeito de ir para o governo (um ex-sócio de Guedes disse ao jornal Valor Econômico que ele está tentando entrar no governo desde 1978, quando voltou de Chicago).
Como diz outro neoliberal, Pérsio Arida, Bolsonaro contratou para ministro um “criador de falsas narrativas”: “Paulo Guedes é mitômano”.
Em linguagem mais simples: é um mentiroso patológico, categoria que se associa muito estreitamente à vigarice.
Há outra característica de Guedes, que Arida conhece bem, mas preferiu não mencionar: nas horas vagas, também pratica a rasteira em colegas, como na PUC do Rio e na FGV – instituições de onde saiu corrido, dando fim à sua vida acadêmica – e, até mesmo, no Pactual, banco que, depois de sua saída, se tornou BTG Pactual, sob outro desafeto, André Esteves.
O interessante são os relatos sobre essa outra característica de Guedes: todos dizem que, além de ganhar dinheiro, o negócio dele é mandar, ou seja, submeter os outros. É assim que quer ganhar dinheiro.
Por isso, deu com os burros n’água onde ninguém se impressionou com ele.
ESTATAIS
Além de difamar os líderes sindicais, Guedes também andou deitando regra sobre as privatizações – e sobre as relações dos militares – que são, por profissão e pela Constituição, defensores do Estado – com as estatais.
“Eu falava que tinha que vender todas [as estatais], mas naturalmente nosso presidente e nossos militares às vezes olham para algumas delas com carinho, porque eles criaram elas como filhos desde lá atrás. Só que eu estou dizendo: olha só, seus filhos fugiram e estão drogados.”
As estatais foram a mola propulsora dos períodos de maior crescimento da economia nacional, desde a época de Getúlio Vargas, inclusive aquele durante o governo Juscelino Kubitschek e aquele do II PND, no governo Geisel (cf. Luciano G. Coutinho e Henri-Philippe Reichstul, “O setor produtivo estatal e o ciclo”, in Carlos Estevam Martins [org.], “Estado e Capitalismo no Brasil”, Hucitec, 1977, pp. 55-93, e, dos mesmos autores, “Investimento estatal 1974-1980: ciclo e crise”, in L.G. Belluzzo e R. Coutinho [orgs.], “Desenvolvimento Capitalista no Brasil: ensaios sobre a crise”, volume II, Brasiliense, 1998, pp. 38-58 ).
Guedes, cuja especialidade é ganhar dinheiro para si próprio e mais para ninguém, está, certamente, se lixando para o crescimento. Quer apenas saquear os despojos.
Como fez com os fundos de pensão das estatais.
É de uma arrogância sem limites dizer: “Só que eu estou dizendo: olha só, seus filhos fugiram e estão drogados”.
Ele é a verdade?
Teria substituído Jesus Cristo, nesse papel?
Guedes acha que os militares e o povo brasileiro vão acreditar no que diz, apenas porque é ele que está dizendo?
Que autoridade tem ele para dizer isso – e somente porque quer roubar os “filhos” dos outros?
Mas seu negócio é a intimidação. Ele realmente acha que os militares são broncos, ignorantes – e pusilânimes – a ponto de se intimidar com ele.
O que, rigorosamente, é um insulto à inteligência e ao brio de nossos militares.
Sobre as estatais, como apontou Miriam Leitão – e não o apontou porque seja contra as privatizações – os dados de Guedes estão errados.
Porém, nem se pode dizer isso.
Guedes é capaz de dizer qualquer coisa. Até mesmo defender duas reformas da Previdência diferentes no mesmo discurso.
Aliás, sobre isso, a observação de Miriam Leitão, que é a favor da “reforma da Previdência”, apesar disso, é procedente:
“Na quarta-feira, ao falar para uma plateia de empresários reunidos pelo site Poder 360, ele [Guedes] disse que conhece mais viúva que viúvo. ‘Elas duram mais’. Então concluiu: a idade tem que ser igual. Mas pode também ser diferente, pelo que explicou. ‘Se teve um filho, fica um ano a menos. Um ano a menos até determinado limite. Tem que tomar cuidado com Dona Maria que pode ter 13 filhos, não queremos estimular isso’. A proposta é toda ruim. Confirma a ideia de que cuidar dos filhos é obrigação da mulher e não do casal, como modernamente se entende. O subsídio beneficiará a classe média, que tem menos filhos e tem registro profissional”.
O problema nos parece um pouco anterior: por que levar a sério Guedes, como se ele fosse muito diferente da Damares, do Araújo ou do colombiano da Educação?
Só porque ele é mais canalha?
CARLOS LOPES
Pena. Que. O bolsonaro. Nao esta vendo isto
Lamentamos muitíssimo os comentários de Paulo Guedes. Nós, os servidores públicos, olhamos para o Brasil e por ele vamos lutar. Ele ainda não conhece o que é luta ou resistência. Ele, parece ser mais um falastrão, parece olhar somente para suas possibilidades de ganho e com ele, envolveu outros que sabem obedecer, inclusive aquele que mais quebrou a economia, obedecendo a ordens sabe-se lá de quem, matou quase 70 mil empresas de uma hora pra outra. Todos são muito bem instruídos e estão sempre apegados a cargos e vantagens que podem levar. Mas existem outros, igualmente muito bem instruídos e preparados que ele está ignorando. Ainda bem que todo esperto acha que ele é mais esperto que os outros.