
A deputada Jandira Fedghali (PCdoB-RJ), líder da Minoria na Câmara dos Deputados, rebateu da tribuna da Câmara, nesta quarta-feira (20), a deputada Joice Hasselmann, do PSL, sobre a reforma da Previdência do governo Bolsonaro. A líder da minoria cobrou que Joice lesse o projeto antes de defendê-lo. “Ela não leu o projeto, leu a progaganda, leu a cartilha. Não existe essa história de regime igualitário e justo”, denunciou Jandira, acrescentando que “são os pobres que serão os mais afetados pela proposta do governo”.
“É grave a reforma da Previdência, apresentada por um governo que não preza pela transparência, porque perdeu ontem (19) a votação de um decreto que diminuía a transparência de seus atos”, afirmou a deputada do PCdoB. “O que o governo faz com a reforma da Previdência é atingir 83,4% dos trabalhadores que ganham até dois salários mínimos. Essa proposta não atinge privilégios. Essa proposta arrebenta com a Previdência dos trabalhadores mais pobres desse país”, denunciou.
“Nós não aceitaremos essa reforma que atinge de maneira particularmente grave as mulheres. Essa proposta tira o benefício de prestação continuada dos idosos, porque rebaixa o valor de um salário mínimo para R$ 400. Reduz o benefício dos trabalhadores de pouquíssimos salários em mais de 40% no cálculo do benefício. Os trabalhadores rurais, as mulheres da roça, terão que trabalhar cinco anos mais, com uma carência cinco anos maior, fazendo quatro jornadas de trabalho no campo”
“As pessoas com deficiencia não poderão mais receber o benefício de prestação continuada se estiverem vendendo bala no trem, porque não podem ter nenhuma remuneração para receberem o benefício. As mulheres que ganham a pensão por morte – são as mulheres a maioria das que recebem pensão por morte – não recebrão mais a pensão vinculada ao salário mínimo, porque poderão ganhar menos do que o salário mínimo. São exatamente os trabalhadores mais pobres que sofrerão absurdamente com essa reforma da Previdência”, destacou
Em entrevista coletiva, após seu pronunciamento, Jandira denunciou que “a PEC iguala a situação de homens e mulheres em diversas áreas como professoras e trabalhadoras rurais, que têm muitas jornadas diárias e trabalhos extenuantes”. “A mulher da roça vai ter idade igual ao dos homens para se aposentar e sua carência aumentada para 20 anos de serviço”, explica.
Feghali diz que os critérios foram mudados de necessidade para miserabilidade. “Se ele tiver qualquer atividade remunerada, nem que seja vender bala no trem, não poderá mais receber o benefício de prestação continuada”, explicou. O benefício proposto é de R$ 400 e só vai atingir um salário mínimo acima de 70 anos de idade.
A parlamentar afirmou que querem fazer uma economia de R$ 100 bilhões em cima dos pobres deixando de fora os militares, mesmo compreendendo a especificidade da carreira. Ela diz ainda que não se combate os R$ 460 bilhões de sonegação.
“Então na realidade é uma grande manobra para fazer economia em cima de pobre e favorecer algo que é central na reforma: abrir o regime de capitalização, que é economizar nos pobres para jogar a maioria dos servidores e dos aposentados do regime geral para os bancos”, completou.