
Jair Bolsonaro queria explicar o aumento nas despesas com cartões corporativos da presidência da República, mas reforçou a polêmica sobre gastos exorbitantes com dinheiro público para atender necessidades pessoais e de sua família ao fazer confusão acerca da base de dados utilizada na comparação.
Em uma transmissão ao vivo no Facebook, na última quinta-feira (7), ele tentou contestar uma reportagem publicada pelo jornal “O Estado de S. Paulo” que revelava um aumento de 16% nos gastos com cartões corporativos. No vídeo, Bolsonaro diz que a matéria compara janeiro de 2019 com janeiro de 2018, alegando que a alta dos gastos com cartões se deve às despesas com sua posse na presidência.
A reportagem, porém, comparou o período inicial do governo com a média dos últimos quatro anos. “Os gastos com cartões corporativos da presidência da República nos dois primeiros meses do governo Jair Bolsonaro aumentaram 16% em relação à média dos últimos quatro anos, já considerada a inflação no período. Apesar de ter seu fim defendido durante a transição, a nova gestão não só manteve o uso dos cartões como foi responsável por uma fatura de R$ 1,1 milhão”, diz o texto.
O cálculo da matéria para chegar ao percentual de aumento nas despesas levou em consideração os pagamentos vinculados à Secretaria de Administração da Presidência da República, que incluem os gastos relacionados ao presidente, como despesas familiares, das residências oficiais e até mesmos pagamentos corriqueiros da presidência. Segundo o jornal, antes da publicação da reportagem a Secretaria de Comunicação da Presidência foi questionada sobre o motivo do aumento, mas não deu resposta.
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, também confundiu os dados e citou a posse presidencial como justificativa para a alta das despesas com cartão. “Todo o aparato para a posse, a vinda de presidentes estrangeiros, altas autoridades, é lógico que acabou fazendo com que o cartão corporativo aumentasse sua despesa”, disse. Ele acrescentou que, no mesmo período de 2018, somente o presidente da República (sem vice) usou o cartão.
No período de transição de governo a extinção do cartão foi defendida pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. À época, ele afirmou que mudanças seriam feitas com “critérios”, baseadas em consultas à Advocacia-Geral da União (AGU) e à CGU. h