A privatização dos Correios, que já vinha sendo cogitada há algumas semanas pela equipe econômica do governo, foi anunciada pelo presidente em coletiva com jornalistas na quinta-feira e em mais uma de suas “tuitadas” na manhã desta sexta-feira. “Demos OK para estudo da privatização dos Correios”, escreveu.
A decisão de privatizar uma estatal estratégica e centenária como a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos que, mesmo com o desmonte promovido nos últimos anos com terceirização de serviços, fechamento de agências, precarização do atendimento à população, demissões e rebaixamento salarial, fechou os últimos dois anos com lucro, desagrada até os colaboradores indicados por Bolsonaro.
O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcus Pontes, a quem a estatal é subordinada, já havia demonstrado resistência à venda e afirmado que ela não seria privatizada. O vice-presidente, Hamilton Mourão, recentemente também declarou que “por enquanto a privatização dos Correios não estava nos planos do governo”.
Na quinta-feira (25), a própria direção dos Correios publicou no blog da empresa que “a privatização pura e simples do correio brasileiro será uma perda tanto para o país quanto para a sociedade”.
O texto ainda destaca que “no segmento de encomendas […] a exclusividade postal do Estado ainda é uma realidade para a grande maioria dos correios no mundo” e que “em países de extensão territorial comparável à do Brasil, como Estados Unidos, China, Canadá, Rússia e Austrália, eles são públicos e exercem o importante papel de integração nacional”.
O blog, uma publicação oficial dos Correios que segundo definição em sua página inicial “reflete o momento importante por que passa a empresa”, defende ainda que “apenas em poucos países, todos de dimensões reduzidas, o serviço postal está nas mãos da iniciativa privada”.
E cita casos de países que tiveram que reverter suas privatizações, como Portugal e Argentina, “porque a privatização piorou os serviços e não trouxe os resultados positivos tão desejados”.
Durante o feriado de Páscoa, o próprio presidente da empresa, general Juarez Cunha, já havia defendido que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) seja mantida como empresa pública. “A avaliação no governo é que o modelo de negócio da empresa está ultrapassado, mas há alto valor estratégico, precisa ser renovada para os novos tempos, especialmente com o crescimento o e-commerce”, afirmou.
Simplesmente não existiria e-commerce sem os Correios.
Como vai privatizar uma empresa que só gera lucros? e os empregados como ficam? são mais de 100 mil funcionarios em todo pais e o que vão fazer com eles. Correios é uma empresa que presta um enorme serviço social em mais de 5.000 cidades em todo pais, e quem comprar será que vai fazer isso? lógico que não e citando algumas empresas como a FEDEX que para fazer chegar uma encomenda a uma cidade no interior do Amazonas, postam a mesma nos correios para fazer chegar ao local, essa privatização tem cheiro de interesse politico no ar.
Segundo a Constituição Federal no Art. 21 é obrigação da União o Serviço Postal. Sabe-se que em muitas Regiões o serviço postal se mantém por determinação judicial. Duas perguntas são: quem irá executar este serviço e a que preço? O Governo Federal, a exemplo do que acontece nos municípios com o subsídio ao transporte coletivo, irá subsidiar o custi da entrega postal em todo o território brasileiro? O transporte de encomendas não é monopólio e mesmo assim os Correios possuem o melhor preço comparativo na maioria dos casos. Mesmo com todos os problemas os Correios dão lucro e é competitivo, além de empregar mais de 90 mil funcionários.