![](https://horadopovo.com.br/wp-content/uploads/2019/05/caminhoneiros-Vinicius-Loures-Câmara-dos-Deputados.jpg)
Lideranças sindicais representantes dos caminhoneiros participaram nesta quarta-feira, 8, de audiência pública da Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados e criticaram a manutenção dos altos preços do diesel.
No último dia 3, a Petrobrás anunciou um aumento de 2,56% no preço do diesel nas refinarias. No mês anterior, em 11 de abril, já tinha ocorrido um aumento de 5,74% nas refinarias, chegando a 4,8% nas bombas, o que gerou protestos dos caminhoneiros.
A audiência foi solicitada pelos deputados Bosco Costa (PR-SE) e Gelson Azevedo (PR-RJ), que convidaram sindicatos e representantes do governo para debater os preços dos combustíveis praticados pela Petrobrás.
Para Carlos Alberto Litti, presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Ijuí e dirigente nacional da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), um dos líderes da greve da categoria do ano passado, “o maior movimento social que esse país conheceu se deu por conta exatamente do combustível”.
![](https://horadopovo.org.br/wp-content/uploads/2019/05/LITTI-1024x683.jpg)
“Foi o preço exorbitante e as condições de trabalho que os caminhoneiros enfrentaram em maio do ano passado, com os aumentos diários e o preço nas alturas, que levaram à greve. É importante dizer isso porque, de maio para cá, as coisas seguem no mesmo sentido que estávamos há um ano”.
“É por isso que a insatisfação é crescente. É por isso que a mesma onda que ocorreu em maio passado começa a se agitar novamente se não houver mudança nessa questão”, afirmou.
LUCROS
O líder sindical ressaltou que é dever da União, como detentora de 49% das ações da Petrobrás, garantir uma política de preços voltada aos interesses nacionais, garantindo preços baixos para os consumidores e condições de trabalho dignas para os caminhoneiros.
“A União pode intervir na política de preço porque ainda detém 49% da Petrobrás. Os outros estão divididos entre pessoas físicas e jurídicas que possuem um percentual de 13%, 14% e o grande negócio é que 38% desse comércio não é nosso. 38% das ações estão nas mãos das petroleiras, daqueles que querem manter a exploração e os preços nas alturas”.
“E o governo compactua com isso quando anuncia a venda das refinarias, daquilo que poderia dar o suporte para que o nosso preço fosse mais barato. Quando também sucateia e não deixa que refinem 60% da capacidade de refino da Petrobrás, que está ociosa. Por quê? Porque atende à demanda dos grandes petroleiros e investidores que querem manter seus lucros”, ressalta.
Litti destacou ainda que é nesse contexto, de economia paralisada, que o piso mínimo do frete é essencial. “É quando há a exploração do menor pelo maior. Tem que ter um piso mínimo, caso contrário eles mantêm a exploração”, completou.
INSATISFAÇÃO
O presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, que também liderou a greve no ano passado, esteve presente na audiência e criticou a política mantida pelo governo. “Precisamos de alguma coisa para ontem. Controlar o preço do óleo diesel é uma das coisas que precisa fazer para o caminhoneiro não morrer. Alguma coisa ruim vai acontecer e o governo não está prestando atenção”, disse.
“Logo estaremos com, no mínimo, 150 mil caminhoneiros deixando de trabalhar. O que é que eles vão fazer da vida? O petróleo é nosso, mas a Petrobrás não é. Precisa-se tomar uma medida rápida urgente. A coisa está fervilhando aí fora, o descontentamento é muito grande, ressaltou.
Lopes, que declarou que apoiou Bolsonaro na eleição, não escondeu a insatisfação com as medidas que vêm sendo adotada pelo governo: “Já estão botando 11 refinarias à venda para ficar com apenas duas. Em vez de a Petrobrás vender 11 refinarias, deveria é construir mais 11. Nós estamos num país rodoviarista. Quando aumenta o óleo diesel, desgraça todo o sistema. É isso que o governo tem que encontrar uma forma e rápida para reduzir esses aumentos e penduricalhos”, disse ele durante os debates na Comissão.
Para a audiência na Câmara Federal, o presidente da Petrobrás Roberto Castello Branco, foi convidado para participar e ouvir as demandas dos trabalhadores caminhoneiros. Contudo, Castello Branco nem compareceu, nem mandou representante e por essa razão foi duramente criticado pelos deputados e caminhoneiros.
Os deputados do PR afirmaram que irão apresentar um requerimento de convocação ao ministro de Minas e Energia, Bento Costa. “Vamos apresentar um requerimento para o ministro explicar essa situação. Essa casa é a casa do povo. Não podemos ficar omissos”, complementou.