Policiais federais e civis fizeram protestos e paralisações ao longo desta segunda-feira (13) em várias regiões do país contra a reforma da Previdência do governo Bolsonaro.
Os protestos fazem parte da mobilização nacional dos policiais que ocorre desde a semana passada contra o avanço da PEC 06, que na prática impede os trabalhadores de terem o direito à aposentadoria, impondo idade mínima e elevando o tempo de contribuição.
No caso dos policiais, a proposta estabelece idade mínima de 55 anos para todos os policiais, sem regras de transição para quem está atualmente próximo da aposentadoria, e exige um tempo mínimo de contribuição de 30 anos para homens e 25 para mulheres. Consta ainda na proposta a possibilidade de aumento da idade mínima, de acordo com o aumento da expectativa de vida da população. Segundo a União dos Policiais do Brasil (UPB), fórum que reúne 28 entidades do setor, “é certo que muito em breve a idade mínima de um policial brasileiro pode chegar aos 60 anos e ir além”.
“Além do risco de morte, a atividade policial é considerada a mais estressante do mundo por vários estudos em razão do nível de tensão, exaustivas jornadas de trabalho, serviço noturno, risco da atividade, peso dos equipamentos”, afirma documento lançado pela UPB, que reúne delegados, peritos criminais, agentes, papiloscopistas, escrivães, guardas municipais e de trânsito e policiais rodoviários.
O presidente da Cobrapol, André Luiz Gutierrez, afirma que, “diante desse cenário, precisamos manter a vigilância, aprofundar nossa mobilização e fazer tudo que for necessário para defender esse direito sagrado de nossos representados”, diz.
Em São Paulo, policiais fizeram um ato no município de Campinas, organizado pelo Sindicato dos Policiais Civis da Região de Campinas (Sinpol).
“Esta manifestação é institucional porque perdemos todos os direitos conquistados há décadas e perderemos todos na reforma da Previdência, chegando a atingir até mesmo nossos familiares, visto que, dentre as perdas está o corte da pensão em 50% caso viermos a faltar, nossos familiares poderão passar seríssimas necessidades financeiras”, informou nota do sindicato.
“A reforma está fazendo um estrago muito grande entre os policiais. O presidente Bolsonaro sempre disse que os policiais devem ser mais bem tratados no país. Se ele vai começar acabando com a nossa aposentadoria, é muito difícil entender a motivação”, afirmou o presidente da ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal), Edvandir Paiva.
No Rio Grande do Sul, a paralisação começou em Porto Alegre. Os policiais protestaram em frente ao Palácio da Polícia, na zona leste e as Delegacias de Pronto Atendimento (DPPAs) realizaram somente flagrantes e casos de maior gravidade.
Nos municípios de Lajeado, Estrela e Teutônia, também ocorrem paralisações parciais, com atendimentos somente nos casos de emergência.
“Somos contra essa proposta do governo que se elegeu em cima da pauta da segurança, mas só está tirando direitos dos policiais. Vamos manter aqui a mobilização e no dia 21 de maio vamos à Brasília em protesto contra essa reforma”, afirma Emerson Ayres, presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sinpol-RS) e da Federação Interestadual dos Trabalhadores Policiais da Região Sul (Feipol-Sul).
No Rio Grande do Norte os policiais civis fizeram uma caminhada no centro da capital e algumas delegacias foram fechadas em Natal e Mossosó.
Os policiais de Alagoas também aderiram ao protesto e paralisaram os serviços na tarde de desta segunda-feira em diversas cidades. Além disso, em Maceió aconteceu uma manifestação em frente à Central de Flagrantes I, no bairro do Farol.