Após os atos do último dia 15 de maio que levaram mais de dois milhões de pessoas às ruas, a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), entidades estaduais, municipais, grêmios e diretórios estudantis organizam para esta quinta-feira (30), novos atos contra os cortes de Bolsonaro e seu ministro da Educação, Abraham Weintraub, no orçamento da Educação que inviabilizarão as instituições federais de ensino.
Em conversa com o repórter do HP, Pedro Bianco, a presidente da UNE, Marianna Dias, e os presidentes da UBES e da UMES-SP, Pedro Gorki e Lucas Chen, destacaram que os estudantes mantêm a sua indignação com a política de cortes e a postura truculenta do governo.
Para a presidente da UNE, Marianna Dias, “o sentimento geral dos estudantes é de que, se não reagirmos, os cortes poderão aumentar. Sem reação, governo não iria pensar duas vezes antes de cortar nos próximos anos. Mas a reação veio, foi massiva no dia 15 e será massiva no dia 30”.
“O sentimento que se vê nas universidades de todo o país é o da necessidade de lutar pela Educação”, destacou.
A líder estudantil relembrou o processo realizado por estudantes, pesquisadores e cientistas de todo o país que, após o dia 15, ocuparam praças e ruas para apresentar o trabalho desenvolvido nas universidades. “Estamos com um processo de participação dos estudantes muito grande. Depois da manifestação do dia 15, eles foram às praças para apresentar seus projetos de iniciação científica, suas pesquisas”, destacou.
“Bolsonaro não consegue mais mentir e sair impune. Se observarmos os cartazes que os estudantes e professores levaram para as manifestações do dia 15, podemos ver que uma consciência de que ele é uma farsa. Lembro de um que dizia ‘a educação destrói mitos’”, afirmou.
Segundo a presidente da UNE, todas as capitais do país já tem atos marcados, além de diversas cidades do interior. “Como as universidades e os institutos federais são bastante espalhados pelo país, em todo o país podemos encontrar pessoas dispostas a defendê-las”. “Pelo menos 90 cidades já confirmaram suas manifestações e esse número tende a crescer quanto mais próximos estamos do dia 30”.
“Estamos cientes das mentiras deste governo”
O presidente da UBES, Pedro Gorki, ressaltou que “o dia 15 foi um sucesso muito maior do que poderíamos prever e deixou claro que os estudantes de todo o país estão indignados com esse descaso do Bolsonaro em relação à Educação”.
“Os estudantes estão cientes das mentiras desse governo. O corte na Educação superior, nas UFs nos IFs, não é para transferir recursos para a educação básica, é para acabar com a educação pública”, comentou.
“Como o governo não recuou, a indignação dos estudantes permanece. Esse é motivo termos atos em todo o país no dia 30”.
“Fomos chamados de imbecis por alguém que quer destruir a Educação”
Segundo Lucas Chen, presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES), os estudantes de toda a capital estão muito mobilizados para impedir o corte no orçamento das universidades e institutos federais.
“Não vamos aceitar nem um centavo a menos na Educação e vamos mostrar que não somos massa de manobra, como falou Bolsonaro. Em cada escola e Instituto Federal vemos os estudantes ainda mais indignados por terem sido chamados de ‘idiotas’ e ‘imbecis’ por um presidente que quer destruir a Educação”.
“Estamos fazendo panfletagens, agendando assembleias, chamando cada estudante para participar da manifestação que vai barrar os cortes de Bolsonaro e Weintraub. Todos os IFs da capital marcaram suas assembleias e vão garantir sua participação”, afirmou Chen.
Ministro da Educação não quer ouvir os estudantes
Há uma semana, durante reunião da Comissão de Educação na Câmara, Abraham Weintraub afirmou que não queria ouvir o que os presidentes da UNE e da UBES tinham a dizer. Depois de proferir diversas ofensas, os deputados da base bolsonarista tentaram retirar Marianna Dias e Pedro Gorki do plenário.
“Eu acredito que aquele acontecido serviu para que os estudantes pudessem perceber que a nossa luta precisa continuar. não pode ser aceitável que um ministro do Estado deputados federais tratem os estudantes da forma como trataram”, afirmou Marianna.
“Estávamos lá para estabelecer um diálogo de forma tranquila com os deputados e o ministro. Infelizmente o ministro da Educação não quer ouvir o que os estudantes têm a dizer”.
“O dia 30 acabou sendo reforçado. Se não querem nos ouvir no Congresso, durante reuniões, acabarão por nos ouvir nas ruas”.
Segundo Pedro Gorki, “além do ministro se recusar a ouvir os estudantes, o ministro e os deputados do PSL nos agrediram verbalmente e tentaram nos tirar do plenário à força. Essa agressão estimula mais que os estudantes se manifestem”.