Documentos referentes aos bens do policial militar reformado Wellington Sérvulo Romano da Silva, ex-assessor fantasma de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), enviados à Receita Federal, revelam que mais da metade de seu patrimônio era em dinheiro vivo guardado. Ele esteve lotado no gabinete de Flávio Bolsonaro entre 2015 e 2017.
O documento, divulgado pela Folha de S. Paulo desta quarta-feira (05), revela também que ele teve um aumento de patrimônio de mais de 1.000% no período em que atuou com o então deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Sérvulo foi um dos 95 alvos das quebras de sigilos fiscal e bancário autorizadas pela Justiça na investigação do Ministério Público do Rio contra Flávio, atualmente senador, e seu ex-assessor Fabrício Queiroz. As informações estão em declarações de Imposto de Renda do ex-funcionário.
A Promotoria investiga suspeita de prática de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa de 2007 a 2018 no gabinete do filho do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio, onde exerceu por 16 anos o mandato de deputado estadual.
O tenente-coronel da Polícia Militar do Rio, Wellington Servulo Romano da Silva, passou 248 dias fora do Brasil durante o período de um ano e quatro meses em que estava formalmente lotado no gabinete de Flávio Bolsonaro. Neste tempo, em que estava morando em Portugal, ele recebeu todos os salários e gratificações. De acordo com a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Servulo Romano da Silva nunca tirou licença no período em que trabalhou na Casa.
O então deputado, e hoje senador Flávio Bolsnonaro, disse que não sabia que seu funcionário, que depositava dinheiro na conta de Fabrício Queiroz, morava em Portugal. A senhora Nanci Silva, mãe de Wellington Servulo, admitiu à imprensa que seu filho era, na verdade, um funcionário fantasma da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Ele esteve lotado, primeiro na vice-liderança do PP, partido do deputado Flávio Bolsonaro à época, e depois no gabinete do próprio deputado, mas morava em Portugal. Ela disse em 2017 que o filho havia se mudado para Portugal “há aproximadamente dois anos, depois que a nora foi vítima de um sequestro”. O apartamento onde Wellington morava no Rio de Janeiro, também está vazio há cerca de dois anos.
Enquanto estava fora do Brasil, Wellington foi dispensado do trabalho na vice-liderança do PP. Nos registros da Alerj ele não aparece na lista de pagamentos nos meses de abril e maio de 2016. Mas, ele não foi demitido. Ele foi apenas remanejado. Em 18 de maio, Wellington foi nomeado para trabalhar diretamente no gabinete do deputado Flávio Bolsonaro. Dois dias depois, embarcou no voo TAP 0070, das 22h45, com destino a Lisboa, para mais 15 dias no exterior. Em 15 de julho, Wellington viajou de novo: 45 dias longe do Brasil e do trabalho. Os salários continuaram a ser pagos.
Outra testemunha que também comprova que o funcionário do gabinete de Flávio Bolsonaro estava morando no exterior mas continuava recebendo pelo gabinete, é o porteiro do prédio onde ele morava. “Ele está em Portugal, tem uns dois anos ou mais, 2015 por aí. A família está toda lá, resolveram se mudar para lá”, disse o porteiro do edifício. Wellington foi nomeado em maio de 2015 para trabalhar como assessor de Flávio Bolsonaro.