O deputado André Figueiredo (PDT-CE), líder do partido na Câmara Federal, afirmou, na sexta-feira (21), em entrevista à TV Câmara, que a proposta de reforma da Previdência do governo Bolsonaro “visa única e exclusivamente atender aos interesses do sistema financeiro”.
“É falaciosa e extremamente mal intencionada a afirmação, feita pela equipe econômica do governo, de que a reforma da Previdência vai resolver os problemas do país e acabar com o desemprego”, denunciou.
“Não discordamos de que Previdência precise ser aprimorada, mas nunca nos moldes que estão sendo apresentados”, prosseguiu o líder do PDT. “Ele visa basicamente gerar um regime de privilegiados. Diferente do que eles estão dizendo, que seria para combater privilégios”, avaliou.
Ele lembrou que o que se quer “é fortalecer as carteiras de previdência privada dos grandes bancos, das grandes instituições financeiras e consequentemente aumentar a lucratividade desse segmento da economia, em detrimento de uma grande legião de pessoas que estão no Regime Geral da Previdência Social e que podem virar uma legião de desamparados, quase de desesperados”.
“No regime de capitalização, que o governo pretendia, não há a previsão de contribuição patronal, ou seja, seria apenas a contribuição do trabalhador. É como se o trabalhador tirasse um pouquinho do seu dinheiro e colocasse numa poupança”, explicou Figueiredo.
“Como o tempo mínimo para se requerer uma aposentadoria integral seria 40 anos, com a idade mínima de 65 anos para os homens e 62 para as mulheres, uma pessoa que contribuiu sobre dois mil reais por 40 anos, terá ao final, 3,2 anos de aposentadoria, naquela integralidade pretendida”, observou.
“Por isso que no Chile, que é apresentado por Paulo Guedes como exemplo de capitalização, o índice de suicídios entre idosos aposentados explodiu. Você se aposenta com 65 anos e tem só mais 3,2 anos com a aposentadoria integral, depois acaba e você não tem mais como sobreviver”, denunciou Figueiredo. “O PDT é conta essa reforma da Previdência”, frisou o deputado.
Ele afirma que, se fosse o caso, “só rendas mais altas poderiam ter como opção um regime de capitalização e, mesmo assim, se fossem geridas por fundos públicos e com contribuição patronal”. “Não pode continuar ânsia do sistema financeiro em pegar ais essa boquinha”, ironiza o parlamentar.
O líder do PDT criticou também outras medidas que ainda estão no relatório discutido na Comissão Especial da Câmara, como o tempo de contribuição mínimo de 20 anos para o trabalhador rural e o tempo de transição que fará com que uma professora passe de 25 anos de tempo para aposentadoria pelo teto para 40 anos, da noite para o dia. Isso é muito injusto”, avaliou.
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