A licitação para a construção do autódromo do Rio de Janeiro começou bem. A empresa que ganhou a concorrência tem apenas 0,14% do capital exigido e seu presidente, José Antônio Soares Pereira Júnior, é sócio de consultoria que ajudou a fazer a licitação.
A empresa Rio Motor Park, ganhadora da licitação, foi criada 11 dias antes do lançamento da concorrência.
O projeto prevê a construção do autódromo na Zona Oeste do Rio. As obras visam atender a intenção manifestada por Jair Bolsonaro de tirar o Grande Prêmio de Fórmula 1 da cidade de São Paulo e transferi-lo para o Rio de Janeiro.
A empresa vencedora tem capital social de R$ 100 mil e sede num escritório de advocacia no centro do Rio. As irregularidades não param por aí. O presidente da empresa é sócio da Crown Assessoria, empresa que ajudou a Prefeitura do Rio a montar o edital da licitação.
O cinismo do processo é tamanho que, no dia da abertura dos envelopes na licitação – que só teve uma concorrente – a Rio Motor Park, vencedora sozinha da “disputa”, enviou como representante Jeferson Sidnei Santos Salles, que é diretor-presidente da Crown Assessoria, a mesma empresa que assessorou a Prefeitura do Rio em todo o processo de licitação das obras do autódromo.
O autódromo ganhou um terreno de 4,5 quilômetros de extensão na Floresta do Camboatá. A área foi cedida pelo Exército em Deodoro, na Zona Oeste da cidade. O contrato de concessão é válido por 35 anos e tem valor da obra é estimado em R$ 697 milhões.
A extensão da pista é de 5.386m, com 20 curvas e uma grande reta de 723 metros. A capacidade é para 78 mil pessoas, com uma arquibancada principal com 20.500 lugares e 1.850 lugares em espaços VIPs.
O edital exigia que a empresa vencedora tivesse capital social equivalente a 10% do valor estimado do contrato, que é de R$ 697 milhões. Ou seja, R$ 69 milhões. A Rio Motor Park tem capital social de apenas R$ 100 mil.
A JR Pereira presidiu também a Crown Processamento de Dados, que faliu e acumulou R$ 24,7 milhões de débitos na dívida ativa da União, além de 20 ações trabalhistas. O empresário também está inscrito na dívida ativa com pessoa física, com saldo negativo de R$ 85,5 mil.
Os sócios da Rio Motor Park assinaram, em junho do ano passado, um acordo preliminar com a empresa espanhola Dorna Sports SL, detentora dos direitos comerciais para o esporte de motociclismo da MotoGP.
O acordo, segundo o anúncio na época, previa a realização de um GP de motociclismo no autódromo do Rio em 2021. Na época, eles ainda não haviam aberto a Rio Motor Park. Só havia a Rio Motorsports, uma empresa offshore sediada no estado norte-americano de Delaware, que tem uma legislação que protege o anonimato dos sócios de empresas.
O presidente dessa empresa José Antônio tinha uma empresa em Belo Horizonte, Crown Processamento de dados que fechou e não pagou ninguém as verbas rescisórias!