O ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, o ex-juiz Sérgio Moro, respondeu aos questionamentos dos deputados sobre as revelações do site Intercept Brasil, na terça-feira (02), em reunião conjunta de três comissões da Câmara. A reunião terminou em tumulto durante a intervenção do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que afirmou que Sérgio Moro “se corrompeu” e virou “um juiz ladrão”.
Os apoiadores de Bolsonaro tentaram blindar o ministro que foi questionado por vários parlamentares sobre a veracidade das mensagens trocadas por ele com o promotor Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato.
Num primeiro momento, quando os ânimos se exaltaram, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, deputado Felipe Francischini (PSL-PR), chegou a comparar a situação criada com uma aula da Escolinha do Professor Raimundo.
A sessão estava lotada, esvaziando, inclusive, a leitura do relatório final do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) na Comissão Especial da Reforma da Previdência.
Foram oito horas de questionamentos sobre a parcialidade com que o juiz Sérgio Moro teria agido durante os processos da Lava Jato. Dois pontos foram os mais questionados, o conselho para que uma procuradora fosse substituída no processo e as tratativas para o acordo de colaboração premiada do empreiteiro Léo Pinheiro.
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) se estranharam na sessão. Interrompido por Bolsonaro quando inquiria Moro, Pimenta disse que não responderia a miliciano. “Não respondo para criminoso. Não falo com bandido. Primeiro vai nos dizer onde está Queiroz, que pegava dinheiro de miliciano e colocava na conta da mulher do presidente da República”, disse ele.
Moro classificou o conteúdo das mensagens de “balão cheio de nada”. Ele optou pela ironia ao comentar a possibilidade de anulação do processo que resultou na prisão de Lula.
“Se ouve muito da anulação do processo do ex-presidente [Lula]. Tem que se perguntar realmente quem defende, então, Sergio Cabral, Eduardo Cunha, Renato Duque, todos esses ‘inocentes’ que teriam sido condenados segundo esse site de notícias”, ironizou Moro.
Com a confusão instalada, a deputada Professora Marcivania (PCdoB-AP), que presidia a sessão, encerrou os trabalhos. Marcivania ainda tentou retomar a reunião e recomeçar o interrogatório de Moro. No entanto, a deputada disse ter sido informada de que o ministro havia deixado o prédio do Congresso. Antes de a reunião ser encerrada, cerca de 60 deputados tinham feito discursos ou perguntas a Sergio Moro.
A sensação que ficou entre os parlamentares, ao final da reunião, é que o ministro Sérgio Moro não confirmou e nem desmentiu as conversas e não esclareceu praticamente nenhuma das perguntas feitas pelos deputados durante toda a sessão. Além de admitir nada, Moro minimizou os fatos relatados e disse que as revelações das conversas eram fruto de uma atuação de criminosos e que o seu prestígio teria crescido após o episódio.