Ao ser perguntado sobre a declaração do Papa Francisco, que alertou para o desmatamento exacerbado da Amazônia, patrocinado, segundo o santo padre, pela cobiça exagerada, Jair Bolsonaro partiu para o ataque e a ignorância. “O Brasil é uma virgem que todo tarado de fora quer”, agrediu o capitão.
O Papa havia dito que a situação da Amazônia “é um triste paradigma do que está acontecendo em muitas partes do planeta: uma mentalidade cega e destruidora que favorece o lucro à justiça”. Ao invés de refletir sobre os problemas levantados pelo ponderado sumo pontífice, Bolsonaro partiu para a baixaria.
Nada a estranhar, vindo de quem, há poucas semanas, conclamou os turistas estrangeiros a fazerem “sexo à vontade” com as mulheres brasileiras. “Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”, disse ele à época, ao argumentar que o Brasil não podia “se tornar um país do turismo gay”.
Bolsonaro usou a figura do “estupro” exatamente quando falou do Brasil e da Amazônia (afinal, o que um tarado pode fazer com uma virgem, senão estuprá-la?).
Essa fixação no estupro não é recente.
De certa forma – em relação ao Brasil – é mais ou menos o que ele faz ao desmontar criminosamente, como denunciou a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, todos os órgãos de fiscalização e combate ao desmatamento da região. Um verdadeiro estupro ambiental. (Leia mais em: Aumento de 88% do desmatamento da Amazônia é início do “apagão ambiental”).
Todo o seu governo é fixado em transgredir a lei e as conquistas da civilização – que tem como um de seus símbolos, a rejeição e criminalização do estupro.
Sua fixação num suposto estupro da Amazônia e do próprio Brasil, tem, também, outros motivos. Seus “apoiadores” são os madeireiros clandestinos. Seus “amigos” são os grileiros e mineradores. Suas patrocinadoras são as multinacionais americanas.
Por isso, inclusive, ele quer exterminar índios, infringindo e a acabando com a demarcação das reservas. Segundo um dos amigos íntimos de Bolsonaro, o miliciano rural Nabhan Garcia, nomeado secretário especial de Assuntos Fundiários, “o maior latifundiário do País é o índio”. A pedido desse cidadão, Bolsonaro demitiu da presidência da Funai o general Franklimberg Ribeiro de Freitas.
Da contraposição entre a virgem e o tarado, Bolsonaro está, sem possibilidade de dúvida, do lado do tarado. Inclusive do “tarado de fora”. Não por acaso ele disse lá nos EUA que está tudo à venda por aqui.
Bolsonaro declarou que não há desmatamento da Amazônia, no mesmo instante em que, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monitora a região por satélites, em tempo real, a Amazônia perdeu 920 quilômetros quadrados de floresta, neste mês de junho. Área quase igual a da cidade do Rio de Janeiro. Desafiou, então, mostrarem áreas desmatadas.
O Inpe mostrou.
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