Em mensagem enviada ao deputado Alexandre Frota (PSDB-SP), em fevereiro deste ano, e divulgada só agora, o pastor evangélico Silas Malafaia revela, primeiro, que está decepcionado com o seu “mito”, e segundo que dentro das hostes bolsonaristas reina o velho fisiologismo e a mais completa baixaria na distribuição de cargos e dinheiro público.
Pelo que o pastor deixou escapar, o toma-lá-dá-cá está a todo vapor nos corredores do Palácio.
Ouça qui o áudio divulgado por Frota com a fala de Malafaia
Na mensagem, Malafaia se diz profundamente decepcionado com Jair Bolsonaro e conta que o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, teria procurado a mando do capitão o ex-senador Magno Malta e oferecido a ele o cargo de presidente do Conselho do Sesi, com um salário de R$ 60 mil.
A proposta era uma tentativa de calar a boca de Malta, que havia protagonizado a cena patética da oração no dia da proclamação do resultado das eleições, e, em torca, queria ser ministro.
“A última, se você não sabe, o Bolsonaro mandou Onyx chamar Magno. Magno deixou ele uns dois dias atrás dele como um louco. Depois do segundo dia, no final: ‘olha eu tô aqui com uma missão do presidente, nomear você, uma coisa muito boa, nomear você como presidente do conselho do Sesi, R$ 60 mil de salário, movimenta bilhão…”, narra Malafaia, dizendo que Magno recusou a oferta.
“Aí o Magno disse para ele – essa foi linda -: Onyx, eu não tô atrás de emprego. Fala para o presidente que eu não tô atrás de emprego, fala para o presidente que o Deus que me sustentou até aqui, vai me sustentar por toda a minha vida. E fala para o presidente que Magno Malta e Silas Malafaia nunca vão falar mal dele em mídia e nem jogar contra. E se ele precisar de oração, conte com nós dois”, diz Malafaia, ressaltando que a resposta de Magno “deu na canela com força”.
Magno Malta e Silas Malafaia fizeram campanha de Jair Bolsonaro entre os evangélicos. No áudio, enviado a Alexandre Frota, Malafaia confidencia ao ex-ator estar “profundamente decepcionado” com Jair Bolsonaro.“Sinceramente, Frota, eu como jamais vou usar nem minha mídia, nem nada para falar mal de Bolsonaro, nem nada, porque eu não vou dar mole para esses esquerdopatas… Mas estou profundamente decepcionado, irmão”, disse Malafaia.
Este áudio áudio do Malafaia só veio a público agora porque Alexandre Frota já não é mais integrante da milícia bolsonarista e anunciou que o que ele mostrou até agora não é nem 3% do que sabe. Ele fez essa afirmação no último dia 13 de novembro em reunião na Câmara.
Em seguida Frota tuitou:
“O Bolsonaro podia pelo menos falar para o Brasil por que, na madrugada da convenção do PSL, decidiu não levar o príncipe como vice. Me ligou às 5 da manhã do aeroporto do Rio, me pediu o celular do Levy Fidelix para poder ligar para Mourão. Conta das fotos, Jair Bolsonaro”.
Em matéria, publicada no último dia 13, o HP tratou essa questão do príncipe. Vamos reproduzi-la abaixo para melhor compreensão dos fatos que se seguiram envolvendo Malafaia, Frota e o príncipe Luiz Philipe de Orleans e Bragança, que seria vice de Bolsonaro, mas que teria sido flagrado em uma festa gay e, por isso, foi barrado por Jair Messias.
Bolsonaro diz que o vice deveria ter sido o “príncipe” e não “esse Mourão aí”
De acordo com Frota, antes da confirmação de Mourão como vice, Bolsonaro lhe perguntou se o “príncipe” era gay e disse ter recebido fotos dele por Whatsapp. “Perguntei: ‘Que fotos?’ [Bolsonaro] disse que depois me mostraria, mas me perguntou se eu sabia se o príncipe era gay ou não. Eu disse que não sabia”, disse o deputado Alexandre Frota à coluna da Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
À revista Época, Luiz Philipe alegou que Bebianno armou contra ele e que mostrou um dossiê com “fotos que eu fazia uma suruba gay e que eu batia em mendigo”. Bolsonaro “estava com o [coordenador da campanha, Gustavo] Bebianno no aeroporto para embarcar para São Paulo. Era dia da convenção do PSL e ele havia convidado o príncipe Frozen [Luiz Philipe de Orleans e Bragança] para ser vice”, relata.
“Às 5h, me ligaram do aeroporto pedindo o celular do Levy Fidelix [presidente do PRTB] e dizendo que [Jair Bolsonaro] iria chamar o general [Hamilton Mourão] para vice, que não iria colocar o príncipe porque haviam mandado umas fotos do príncipe pra ele”. “Ele pediu para que eu não falasse nada sobre ele [Luiz Philipe] deixar de ser o vice, que ele conduziria com a imprensa”, continuou. “A gente se encontrou no aeroporto. Dei o celular do Levy e fui esperá-lo no aeroporto. Com ele estavam Bebianno e [candidato a deputado] Julian Lemos. Às 9h, eles chegaram”.
“Durante o trajeto, ele ligou para o Levy e fechou com o Mourão. Tanto que na convenção, nem cumprimentou o príncipe, que estava lá com amigos, fotógrafos e a corte para ser anunciado. Ficou só olhando”, disse. “Bebianno, Levy e Julian sabem que foi assim. Inclusive, no aeroporto, quem estava comigo era o Marcos Pontes e a esposa dele. Bolsonaro chamou Pontes para ir com ele dentro do carro da PF”, acrescentou.
“Quando acabou a convenção, fomos para o clube Sírio Libanês, onde estava acontecendo a convenção do PRTB, e ali foi anunciada a vice-liderança do Mourão, hoje descartado covardemente por Jair”. “Nunca vi as fotos e não sei do que se tratam. Apenas imagino”, concluiu Frota.